As perdas climáticas, estancadas pelas chuvas das últimas semanas, foram expressivas e não baixaram de 3 milhões de toneladas de soja (3% do potencial da safra). Por outro lado, Mato Grosso e Paraná, que mais plantam a oleaginosa no país, avançam na colheita e confirmam médias acima de 3 mil quilos por hectare. Com isso, dão sustentação a uma safra de 93 milhões de toneladas em 2014/15– com 6,23 milhões a mais do que em 2013/14. E 46,5% desse volume extra vêm dos dois estados. Os números compõem nova projeção da Expedição Safra Gazeta do Povo.
O ano é de expectativas elevadas, como nos 3,8 mil hectares plantados por Luimar Gemi, em Sorriso (MT). “O objetivo era passar de 60 sacas por hectare. Começamos a colheita com 63 mas, por causa das estiagens, a média vai caindo. Ainda vai dar mais que as 50 sacas por hectare do ano passado”, afirma. Com queda limitada a duas sacas por hectare, a média estadual ficará próxima ou acima das marcas dos últimos anos, afirma Daniel Latorraca, analista do Instituto Mato-Grossense de Economia-Agropecuária (Imea).
Temperaturas acima de 40 graus provocaram danos irreversíveis. Por outro lado, as lavouras aproveitaram bem as chuvas no Paraná, afirma o agrônomo Lucas Simas de Oliveira Moreira, supervisor da Gerência Técnica da cooperativa Coamo, com sede em Campo Mourão (Centro-Oeste do estado). “Na fase vegetativa faltou água, mas a planta suportou bem. Quando entrou na fase de enchimento do grão, a chuva veio em boa quantidade. A produtividade será dentro do esperado”, avalia.
No Norte Pioneiro e no Oeste do Paraná, onde a colheita vem sendo encerrada, a seca de janeiro provocou perdas, mas não configuraram quebras regionais. Com a colheita de soja concluída nos 218 hectares cultivados em Marechal Cândido Rondon (Oeste), o produtor Eno Pedde, por exemplo, atingiu média de 71 sacas por hectare. Num dos lotes de lavoura, chegou a registrar 84 sacas/ha.
Com as perdas pontuais, o potencial da soja caiu de 17,25 milhões para 16,94 milhões de toneladas no Paraná e de 27,81 milhões para 27,28 milhões de toneladas em Mato Grosso.
Chuvas chegam para umedecer a colheita
Com uma ou duas chuvas, boa parte das lavouras de soja e milho do país estaria salva, mas a umidade virou rotina e atrasa a colheita.
Em Mato Grosso, a expectativa era de que a tarefa estivesse chegando à metade, mas acaba de passar de um terço. No Paraná, as colheitadeiras aproximavam-se dos 40% um ano atrás. Agora estão alcançando os 30%. Em relação às médias históricas dos últimos cinco anos, essa diferença cai de 10 a 12 pontos porcentuais para 2 a 5 pontos. Ou seja, o impacto é mais no calendário do que propriamente na produtividade.
Nesta semana, confirmam-se previsões de chuvas diárias, que atrapalham a retirada da produção do campo. Ainda não há perdas expressivas por excesso de umidade, mas o problema não é descartado em nenhuma região do país, inclusive nas áreas que sofreram com três veranicos (outubro, dezembro e janeiro), como a porção centro-oeste de Mato Grosso. O alento é que os volumes previstos são de menos de 5 milímetros por dia, o que pode permitir a retomada dos trabalhos mesmo em regiões atingidas pelas chuvas, após algumas horas de sol.
Na estrada
A boa surpresa tende a vir da Região Sul. A Expedição Safra Gazeta do Povo percorre nesta semana Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, em seu quarto roteiro desta colheita, para conferir o início dos trabalhos nos dois estados menos prejudicados pelo clima. O Rio Grande do Sul está registrando produtividade de milho acima da esperada e deve registrar o mesmo efeito na soja.