Assunção (Paraguai) - A briga judicial em torno do terminal que o Paraguai mantém no Porto de Paranaguá caminha para o fim. A estrutura sai do domínio da Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas (Capeco), que trabalhava com soja brasileira, e passa para o Consórcio Mercosul. No entanto, isso não significa que as exportações de soja via Brasil vão aumentar, assume o governo paraguaio.
A Administração Nacional de Navegação e Portos (ANNP) prevê investimento de US$ 20 milhões na estrutura pelo Consórcio Mercosul. E que a movimentação deve passar de 1,5 mil para 2 mil toneladas por hora. Mas os exportadores paraguaios só vão usar o terminal se os custos forem viáveis na comparação com os da hidrovia formada pelos rios Paraná e Paraguai, afirma Gregorio Lezcano, diretor da ANNP.
A produção do Paraguai deve ter prioridade no terminal de Paranaguá, mas sai do país via Argentina com custos até 30% menores, conforme o setor privado. Segundo a Capeco, os custos do transporte rodoviário ficam acima dos praticados no Paraguai e dificilmente isso vai mudar no curto prazo.
De acordo com as estatísticas da Câmara dos Exportadores, 12% da soja paraguaia exportada em 2014 – ou 580 mil toneladas, suficientes para encher dez navios – saíram do país por rodovias. Porém, isso não significa que essa soja tenha sido embarcada em Paranaguá.
“A soja que sai do Paraguai por via terrestre normalmente segue para indústrias próximas da fronteira, no Brasil. Essa exportação ocorre quando há oferta pontual de preços atraentes aos exportadores paraguaios”, afirma José Berea, presidente de Capeco. O Paraguai abre a colheita de soja da América do Sul e tem produção disputada em janeiro. “A soja é o cavalo com que vamos para a batalha”, disse Berea referindo-se à importante participação do grão na economia agrícola do país.
Exportações
Apesar de ter elevado a produção de soja da casa de 4 milhões para mais de 9 milhões de toneladas na última década, o Paraguai vem reduzido a exportação de soja em grãos nos últimos anos. Ampliou o processamento e remete ao exterior cada vez mais farelo e óleo.
A previsão do país é que, nesta temporada, as exportações do grão fiquem em 4,8 milhões de toneladas, depois de terem atingido 5,5 milhões (t) em 2012/13. O processamento, por sua vez, encostou em 3 milhões de toneladas três safras atrás e agora deve chegar a 3,6 milhões (t). O embarque de 4,8 milhões de toneladas de soja em grão mantém o Paraguai como quarto maior exportador do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Brasil e Argentina.
Segundo a Expedição Safra, na temporada em curso o país deve produzir 9,14 milhões de toneladas de soja. Entre soja, milho e trigo já saem dos campos paraguaios mais de 14 milhões de toneladas. Outro destaque no Produto Interno Bruto (PIB) do Paraguai em 2014 foi a produção e exportação de carne bovina. A depender do desempenho do setor, o agronegócio representa até 30% do PIB.
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