A produtividade da safra de soja em Mato Grosso chega a uma encruzilhada nesta semana. A Expedição Safra Gazeta do Povo confere, em viagem pelo estado - responsável por mais de 25% da produção nacional - se as marcas do início de colheita serão superadas ou derrubadas. O fator determinante é a falta de chuva registrada durante as últimas semanas em boa parte das lavouras.
A retirada da produção do campo chega a 20% na Região de Sapezal (Oeste) e Campo Verde (Sudeste), com rendimentos que ora decepcionam e ora surpreendem. A maior parte dos campos, no entanto, depende do clima atual para encher grãos. E as previsões meteorológicas não garantem chuvas equilibradas.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) vinha registrando produtividades de 53 e 53,5 sacas por hectare em média. O índice foi reduzido a 52 sc/ha na última semana mas, ao mesmo tempo, há indicações de que a média esperada para a temporada, de 52,5 sc/ha, ainda pode ser superada.
As primeiras lavouras sofreram com a seca de outubro. Agora, aproximam-se da colheita lavouras plantadas posteriormente, que atravessaram janeiro, conta o agrônomo Danilo Chaves, que monitora plantações no Centro-Oeste do estado. “Nas áreas de solo arenoso o impacto da falta de umidade é visível. Em outras, com solos mais estruturados, há expectativa de resultados que podem ser recordes.”
Apesar de boa parte das áreas já colhidas ter apresentado produtividade baixa – de menos de 40 sacas por hectare –, as médias consolidadas pelo Imea são relativamente boas, pondera o agrônomo e pesquisador Luiz Tadeu Jordão, que acompanha a Expedição Safra na sondagem de campo. Ele considera que marcas iniciais acima de 50 sacas por hectare são boas diante das dificuldades da época do plantio.
As preocupações do setor estendem-se ao mercado, que tende a seguir a queda na cotação do dólar, que caiu 3% em duas semanas, e a própria pressão de uma safra recorde no Brasil e na Argentina. As perdas que estão sendo confirmadas no Paraguai não demonstram força para elevar o valor pago aos produtores brasileiros. Elas perdas representam menos de 1% da safra sul-americana.
No último mês, a soja perdeu de 7% a 10% do valor em Mato Grosso. Metade dessa queda vem sendo relacionada à desvalorização do dólar. Os preços mais comuns pagos aos produtores seguem entre R$ 50 e R$ 55. Ainda são considerados remuneradores, mas, diante das últimas baixas, voltam a inibir as vendas.
A Expedição vai conferir tanto os registros das áreas colhidas quanto o potencial daquelas que estão tendo a produtividade ainda por definir no estado. Na sequência, técnicos e jornalistas percorrem lavouras e pontos de escoamento em Rondônia e Mato Grosso do Sul. A viagem, que começou no sábado, marca o início do trabalho de campo do projeto na fase da colheita de verão do ciclo 2014/15.