A lentidão nas vendas da soja – registrada desde o plantio diante de cotações consideradas baixas pelos produtores – se prolonga com o registro de perdas em diferentes zonas de cultivo do país. “O produtor toma por base sua própria lavoura e aposta em quebra [com potencial de elevar os preços]”, afirma o agente comercial Vanderson Brito, da cooperativa Copasul, de Naviraí (MS).
No estado com mais tradição em negócios antecipados, Mato Grosso, as vendas seguem perto de 10 pontos atrás das registradas em 2014. Na última semana, a diferença era de 45% para 55% da produção. Como a colheita atual é maior que a anterior, o volume já afixado também torna-se mais expressivo, pondera o analista do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) Daniel Latorraca.
Em regiões como a de Naviraí (Sul de MS), no entanto, perto de 75% da produção ainda não foram comercializados. As vendas antecipadas estavam em 15% há dois meses e acabam de chegar aos 25%, estima a Copasul. A cooperativa considera que as perdas localizadas vão reduzir a produtividade média de 47 sacas por hectare (2013/14) para 45 sacas/ha.
A rentabilidade da maior parte da produção passa a depender do mercado. Mas, por enquanto, a redução das estimativas da safra brasileira não provoca o impacto esperado pelo setor produtivo. Como os estoques globais são maiores e a tendência é que os Estados Unidos também apostem na oleaginosa na próxima temporada , as altas nas cotações tendem a ser pontuais, avalia Jorge Gracioli, analista da FC Stone.
“O produtor precisa estar atento para identificar as oportunidades de comercialização, que podem surgir mais da varição do dólar do que de uma retomada nas cotações internacionais”, afirma. Ele considera “muito pouco provável” que a expectativa dos agricultores de um retorno do bushel aos US$ 12 (o que exigiria alta superior a 20%) seja atendida. As cotações atuais estão acima dos custos médios em todo o país, mas preços abaixo de R$ 50 são considerados pouco atraentes pelos produtores.
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