A safra do Paraguai ganha lastro climático para subir de patamar em 2015/16. Com chuvas na medida certa para o desenvolvimento das lavouras, a soja rendeu produtividades superiores as do ano passado nas áreas de verão, e segue na mesma direção para os campos de safrinha. Embora positivo, o quadro não permite aos produtores esbanjarem otimismo, já que a queda nos preços internacionais da oleaginosa e o aumento nos custos de produção ampliam a pressão por eficiência para evitar prejuízos, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo em roteiro de 1,3 mil quilômetros pelas principais regiões de produção do país, na semana passada.
As áreas mais precoces, plantadas em meados de setembro, estão sendo consideradas as mais positivas. “Tive sorte neste ano, pois plantei tudo antes de outubro. A pressão de doenças, o custo com aplicações foram menores e as lavouras tiveram um alto rendimento”, celebra o produtor Toshio Takeda, que cultiva 150 hectares da oleaginosa em Pirapó, no departamento de Itapúa, no Sul paraguaio. Após enfrentar granizo e seca em 2014/15, ele praticamente dobrou a produção neste ciclo, obtendo picos de 61 sacas por hectare.
O quadro também segue favorável aos campos de safrinha, que perdeu ritmo de expansão (leia mais nesta página). “O clima é quem vai decidir o desempenho das lavouras, mas até agora está tudo perfeito”, apontam os produtores Fábio e Davi Petricoski, que miram colher 41 sacas por hectare neste ciclo. Pai e filho administram o plantio em 483 hectares em Santa Fé do Paraná, no departamento de Alto Paraná, próximo a fronteira com o Brasil.
Contrapeso
Apesar do bom rendimento no campo o cenário entre os produtores ainda é de preocupação. A queda no patamar de preços da soja na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) reflete diretamente na produção dos agricultores paraguaios.
“Em 2014 tivemos picos de até US$ 450 pagos pela tonelada de soja. Agora esse valor oscila entre US$ 260 e US$ 280. Para quem colhe 50 sacas por hectare, são US$ 400 a menos de renda só porque o preço caiu”, calcula Nicolás Susik, presidente da Agro Susik, que atua em 6 mil hectares entre áreas próprias e de clientes na região de Edelira (Itapúa).
Embora a produção ainda seja considerada rentável, a conta fica apertada para quem fez investimentos em novas máquinas ou compra de terras. “Só em insumos se gasta US$ 600 por hectare na soja. Sobram cerca de US$ 200 para se cobrir todas as outras despesas. Para quem tem alguma conta para pagar, é pouco”, aponta Susik.