Região responsável por 11% da soja do Paraná e que sempre tem clima exemplar agora sofre com excesso de umidade, relacionado ao El Niño.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo Tudo o que os Campos Gerais pedem neste momento é um pouco do sol do Centro-Oeste. A região – responsável por 11% da produção de soja do Paraná – enfrenta quadro oposto do registrado em estados como Goiás e Mato Grosso, onde a falta de chuva reduz o potencial da safra de verão, apurou a Expedição Safra, que está começando viagem pelo Sul do Brasil.
“A umidade em excesso reduziu o número de plantas por hectare e agora impede a entrada das máquinas para aplicação de defensivos, o que significa que entramos na safra de verão com potencial abaixo do registrado um ano atrás”, afirma o gerente de Negócio Agrícola da cooperativa Castrolanda, de Castro, Márcio Copacheski. Ele considera média de 4 mil quilos por hectare como referência de 2014/15.
Copacheski estima que pelo menos 10% das lavouras ainda não foram plantados. “Neste dia 30 de novembro, termina nossa janela ideal de plantio. O que for plantado a partir de agora, em dezembro, deve render volume menor de grãos”. A área de soja afetada pelo excesso de umidade, atribuído ao El Niño, também é estimada em 10%.
O agricultor Afonso Kremer, de Castro, mostra pé de soja plantado no início de novembro, que depende de mais sol para se desenvolver. Expedição Safra percorre os Campos Gerais em mais um dia de umidade elevada. Tempo nublado e garoa afastam plantadeiras do campo. O gerente de Negócio Agrícola da cooperativa Castrolanda, Márcio Copacheski, conta que perto de 10% das lavouras ainda não foram semeados e que outros 10% tiveram de ser plantados sob umidade extrema, o que reduz a qualidade das lavouras nesta primeira fase da safra de verão. Segundo Copacheski, o principal desafio desta temporada é técnico, ou seja, recuperar o potencial de produtividade para que se alcance novamente média acima de 4 mil quilos de soja por hectare, como em 2014/15. O milho foi semeado dentro do prazo ideal, mas oferece lucratividade abaixo da registrada na soja. Esse quadro reduz a área do cereal a 17% das lavouras de verão, metade dos 33% indicados para a rotação de culturas nos Campos Gerais. Encharcadas, as lavouras de soja não podem ser pulverizadas com herbicidas. E parte das lavouras cresce de forma irregular. Os Campos Gerais – região que historicamente tem umidade suficiente mesmo em anos secos – agora sofrem com excesso de chuva atribuído ao El Niño. O picão-branco é uma das ervas daninhas que crescem em meio à soja e disputam os nutrientes da terra com a oleaginosa. Plantações verdes e uniformes escondem problemas relacionados ao excesso de chuva. Filhote de coruja espera ajuda para voltar ao ninho em dia chuvoso. Previsão para esta semana mostra que El Niño continua influenciando o tempo. Viagem pelo Sul do Brasil está apenas começando. Até a próxima semana, serão percorridas regiões agrícolas que mais recebem chuvas entre os Campos Gerais do Paraná e o Centro-Norte do Rio Grande do Sul. Nas últimas semanas, técnicos e jornalistas percorreram faixa do Centro-Oeste brasileiro que sofre com o tempo seco. Entre o Paraná e São Paulo, soja cresce com vigor, mas chuvas põem em xeque o potencial das plantas. Agricultura depende de São Pedro para regularização das precipitações que permita o manejo correto, com uso de defensivos na hora certa. Temor é que doenças como a ferrugem asiática se manifestem antes de medidas preventivas. A oleaginosa teve apostas elevadas entre os cooperados da Castrolanda. A área foi ampliada de 87 mil para 90 mil hectares. Por outro lado, o milho foi reduzido de 20 mil para 18 mil hectares.
O agricultor Afonso Kremer segue essa tendência. Milho, só 36 hectares para silagem. A oleaginosa oferece lucratividade enquanto o cereal tem somente coberto custos, reclamam os produtores da região.
“Precisamos de pelo menos dois dias de sol para poder entrar com as máquinas nas lavouras e combater ervas daninhas como o picão branco”, relata Kremer, que ainda tem 40 de um total de 100 hectares de soja para semear.