De 115 produtos registrados para o combate à ferrugem asiática na soja no Brasil, apenas cinco têm índice de eficiência acima de 50%. A avaliação parte de testes acompanhados pela Embrapa Soja. O fungo causador da doença está cada vez mais resistente e põe inclusive os produtos mais eficientes em xeque. Isso numa época em que as aplicações não estão ocorrendo no período programado, devido às chuvas.
Os produtores devem dedicar atenção extra às lavouras, afirma o pesquisador Rafael Moreira Soares, que recebeu a Expedição Safra na Embrapa Soja, em Londrina (PR). O ano chuvoso levou à morte de plantas por doenças que causam o apodrecimento das raízes logo no início do ciclo e agora amplia os riscos de a ferrugem se proliferar, avalia.
“Desde 2007 o fungo da ferrugem vem ganhando resistência. Dos três princípios ativos largamente utilizados, dois enfrentam casos de resistência. Se isso acontecer em relação ao terceiro, até mesmo as misturas vão se tornar pouco eficientes”, explica.
As primeiras ocorrências da ferrugem – causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi – foram registradas quinze safras atrás. Desde então, a doença se tornou a principal preocupação dos produtores brasileiros.
O número de casos da ferrugem desta temporada chegou a 89 nos últimos dias, conforme o sistema de monitoramento coordenado pela Embrapa Soja. O Sul é a região mais atingida. São 33 casos no Paraná e 32 no Rio Grande do Sul.
Nesta época do ano passado, tinham sido registradas 52 ocorrências. É como se o a ferrugem estivesse três semanas adiantada em relação a 2014/15. E as aplicações de defensivos estão atrasadas em regiões como a de Cascavel.
Os custos do combate à ferrugem voltaram a aumentar. Uma aplicação do produto mais eficiente, e disputado pelos produtores, custa cerca de R$ 100 por hectare, apurou a Expedição Safra. Esse custo estava em R$ 70 por hectare nas mesmas regiões.
Se a doença se proliferar, os produtores devem realizar até quatro a cinco aplicações. Isso pode fazer com que a ferrugem consuma até 10% da renda bruta da soja – sem considerar perdas de produtividade, contando somente os custos de aplicações. Por enquanto, a estimativa dos técnicos é que a maioria dos produtores farão de duas a três aplicações de fungicidas nos próximos dois meses.
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