O agronegócio brasileiro completa uma década de expansão reforçando o lastro com o mercado internacional. Impulsionado pela demanda crescente de clientes de peso – como China e Índia – e favorecido por condições comerciais que ampliam a remuneração pela produção, o setor mais que dobrou o volume de exportações de granéis desde a temporada 2006/07. E com investimentos que prometem reforçar a logística exportadora nacional nos próximos anos, as vendas externas devem continuar dando sustentação ao aumento da produção, mostraram os debates do lançamento oficial da Expedição Safra 2015/16, realizado nesta segunda-feira (15) na sede do Instituto Emater em Curitiba.
Com 98 milhões de toneladas de soja, milho e farelo embarcadas em 2015 e potencial para superar, pela primeira vez, a marca das 100 milhões de toneladas neste ano, o país acumula crescimento de 138% nas vendas internacionais na última década, superando com folga o aumento da produção consolidado no mesmo período (+63% para 215 milhões de toneladas). “O crescimento de área nesse período foi ainda menor, comprovando que isso é resultado de uma expansão sustentável, intensiva em inovação e tecnologia”, aponta o gerente do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo e coordenador do projeto, Giovani Ferreira.
Fatores como a remuneração favorável e a capacidade de entrega de grandes volumes assumem papel decisivo nesse processo de crescimento, avaliam os especialistas. “A exportação acaba sendo o carro-chefe, pois consegue remunerar melhor do que no mercado interno”, aponta o assessor técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti. “Crescemos muito na soja pois é um produto que nem todos os países têm disponível. E mesmo o milho, que possui um mercado mais concorrido, consegue picos de demanda, como foi no ano de 2015”, complementa o presidente da Coamo, de Campo Mourão (Centro), José Aroldo Gallassini.
Nesse contexto, o crescimento da produção brasileira nos próximos anos tende a manter o enfoque exportador. Investimentos em rodovias, hidrovias, ferrovias e portos tendem a reduzir custos e ampliar as vantagens comparativas no mercado internacional. “A produtividade e a logística estão sob nosso controle, mas os preços não, então é isso que nós temos que atacar, para reduzir custos ao produtor”, argumenta o deputado federal Ricardo Barros (PP).