As chuvas insistem em cair todos os dias nas regiões agrícolas do Sul e do Centro-Oeste e chegam tardiamente entre o Sudeste e o Nordeste nos próximos dias. O quadro é atribuído ao fenômeno El Niño, que já foi apelidado de Bruce Lee e agora é chamado de “monstro”.
Depois de provocar apodrecimento de raízes em plantações de soja do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, o clima fortemente influenciado pelo El Niño atrasa o plantio entre a porção central e o Nordeste do país – onde a semeadura da soja deveria estar no final mas mal passou da metade.
E a informação de que o fenômeno deve se estender até a colheita ganha adicionais. Os cientistas norte-americanos têm um recado para todos que estão se preparando para os eventos de um dos fenômenos El Niño mais forte já registrado: acostumem-se.
Enquanto o El Niño oscila em um ciclo mais ou menos anual, outra dinâmica na temperatura das águas do Oceano Pacífico, conhecida como a Oscilação Decadal do Pacífico (PDO, na sigla em inglês), tem o potencial de acelerar o aquecimento global e aumentar a severidade dos episódios de El Niño, observam.
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Aposta dos catarinenses é na soja, como em todo o país. Mas, como o estado não pode plantar o cereal no inverno, acaba se tornando cliente assíduo dos vizinhos
Leia a matéria completa“Quando você realmente tem um El Niño monstro, isso pode ser suficiente para virar a PDO em uma nova fase por uma década ou mais”, disse William Patzert, climatologista do Laboratório de Propulsão de Jatos da NASA, na Califórnia. “Mantenha os olhos abertos porque talvez estejamos em uma transição decadal.”
Antes de janeiro de 2014, o mundo passou por um período de 15 anos em que as temperaturas ficaram mais frequentemente abaixo das médias no Pacífico, de acordo com dados mantidos por Nathan Mantua, cientista atmosférico do Instituto Conjunto de Estudos da Atmosfera e Oceanos, da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional dos EUA (NOAA, na sigla em inglês).
Aquele período viu apenas fenomênos El Niño moderados. Durante os 21 anos anteriores, os valores da oscilação do Pacífico foram majoritariamente positivos, um período que coincidiu com os El Niños de 1982/83 e 1997/98, dois dos maiores já registrados.
Agora, cientistas estão começando a imaginar se o período de 15 anos de relativa calma do El Niño está chegando ao fim, marcando o início de uma era mais quente, com mais tempestades, semelhante às dos anos entre 1980 e 1990.
“É mais provável que teremos uma mudança de fase e permaneceremos em território positivo”, disse Kevin Trenberth , do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos EUA em Boulder, Colorado.
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