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Falta de chuvas em janeiro afetou potencial da soja de verão no Uruguai, diz Andrés Feuer, que administra mais de mil hectares na região de Nuevo Berlín. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Falta de chuvas em janeiro afetou potencial da soja de verão no Uruguai, diz Andrés Feuer, que administra mais de mil hectares na região de Nuevo Berlín.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Quebra climática e preços baixos. Entre os principais países produtores de soja na América do Sul, o Uruguai vive o cenário mais desfavorável em 2015/16. Com custos de produção e venda calculados em dólar, o país sente diretamente os efeitos da desvalorização da oleaginosa na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT). Como agravante, chuvas escassas no mês de janeiro reduziram o potencial produtivo das lavouras, pressionando a rentabilidade dos agricultores, conferiu a Expedição Safra em viagem de 1,5 mil quilômetros pelo país.

Na região Oeste, que concentra a maior parte da produção, as maiores perdas se concentram nas áreas de soja verão, conhecidas na região como “de primeira”. Campos que atingiram picos de 3 mil quilos por hectare no ano passado não devem passar de 2,7 mil quilos neste ciclo. “Ficamos todo o mês de janeiro e parte de fevereiro sem chuvas. Quando ela voltou só a soja de segunda se recuperou”, diz Andrés Feuer, que administra o cultivo de 1080 hectares na região de Nuevo Berlín, no Departamento de Rio Negro. Nos campos de safrinha a produtividade tende a ser mantida em 2,3 mil quilos/ha, detalha.

Mesmo nas províncias que tiveram condições mais favoráveis o cenário é de apreensão devido aos preços mais baixos. Em Paysandu o valor médio pago pela tonelada de soja caiu de US$ 400 em 2013/14 para US$ 315 nesta temporada, compara o agrônomo Luis Simean, gerente da Cooperativa Agrária Nacional (Copagran) no município. “Com esse valor os custos apenas empatam. Para começar a ganhar algo é preciso colher mais de 2 mil quilos por hectare”, aponta. Nos 10 mil hectares em que a cooperativa atua cerca de 7 mil receberam soja, com um rendimento esperado de 2,2 mil quilos/hectare.

O aperto leva os produtores a reduzirem investimentos e apertarem custos. “Áreas marginais, com menos potencial produtivo, estão sendo deixadas de lado. Campos mais distantes, que exigem gasto maior com frete, também”, aponta Simean. Aspectos como a compra de máquinas e o arrendamento também perdem força, indicam produtores e especialistas. “A baixa da soja está afetando diretamente o poder de compra do agricultor”, diz o agrônomo Tomás Mayol, da empresa de insumos Solaris, que atua no Departamento de Mercedes, também no Oeste uruguaio.

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