A pior quebra da história da safra de soja no Maranhão, no ano passado, fez parte do setor produtivo questionar a viabilidade da agricultura no estado. A temporada 2016/17, no entanto, se encaminha para confirmar que a estiagem na janela de cultivo foi um ponto fora da curva. Com médias previstas na casa das 60 sacas por hectare (sc/ha), a vocação produtiva do estado se reafirma.
Quem faz o diagnóstico é o presidente do Sindicato Rural de Balsas, Jorge Vieira Salib, que também é produtor. Ele está na região há quase 30 anos e até 2015/16 nunca tinha colhido menos de 40 sc/ha – mesmo em anos de El Niño. “No ano passado eu colhi 25 sc/ha de média, isso foi uma exceção, não é normal. Se a soja não fosse viável no Maranhão, como muitos disseram, eu não estaria aqui há 30 anos”, pontua.
Salib cultiva 3,5 mil hectares no município de Balsas. Ele dedicou nesta temporada 2,5 mil ha à soja e 1 mil ha ao milho verão. O presidente do sindicato rural vai plantar ainda mais 1 mil hectares de milho safrinha (500 ha já estão semeados, na área onde já foi colhida a soja). Salib conta que o motivo de dedicar tanta área ao milho verão é um só. “Nós produzimos aqui o melhor milho, eu diria que do mundo, porque quando vamos colher o grão, a chuva parou, então o milho fica bastante seco, praticamente não é necessário usar secador. Do total, 80% desse milho vai para consumo humano”, revela.
Maranhão em Números
Segundo Marcelo Paulo de Lira, do setor técnico do Sindicato Rural de Balsas, até o momento, 30% da safra já foi colhida no Maranhão. O plantio no estado começa em outubro e segue até o fim de janeiro porque há vários climas diferentes. Em 2015/16, a média do estado fechou em 25 sacas por hectare. Nesta temporada, a previsão é que a média salte para algo entre 55 a 60 sacas por hectare. Pelo fato de o período de chuva ser maior em algumas regiões maranhenses, a expectativa é que 70% da área de soja (830 mil hectares) seja ocupado por milho safrinha. O aumento na área plantada da temporada passada para a atual foi de 20%.