O Brasil precisa tomar com mais fôlego a frente da comercialização de sua safra para aproveitar a crescente demanda internacional pelas commodities agrícolas. A conclusão foi do seminário Expedição Safra, no distrito de Nova Santa Rosa, no município de Uruçuí, estado do Piauí. O evento, que reuniu cerca de 80 pessoas na noite desta quinta-feira (16), teve duas palestras que desenharam um panorama completo sobre a produção de grãos. Entre os temas tratados estiveram os desafios do mercado em ano de safra cheia, o panorama da demanda mundial, câmbio, preço de terras e áreas de expansão agrícola para os próximos anos.
O gerente do Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira, enfatizou que o Brasil não pode ocupar um posto passivo no mercado financeiro. “Não podemos esperar que o mercado nos compre, precisamos de estratégia para comercializar”, disse. Ele citou o caso do milho, que em 2015 chegou a atingir o volume de 30 milhões de toneladas exportadas, mas que no ano passado despencou para 20 milhões de toneladas. “Precisamos aumentar nosso potencial doméstico? Sim, mas mesmo crescendo, o consumo interno vai continuar sendo pequeno perto do nosso imenso potencial de exportação”, reforça.
Ferreira também trouxe aos participantes as últimas informações de mercado que foram adiantadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Ele revelou que a agricultura dos EUA terá a menor área cultivada em sete anos e que isso possibilita a leitura de que o agronegócio lá (em termos de área) está estagnado. Isso, aliado ao protecionismo do novo presidente, Donald Trump, e expectativas de estabilidade no câmbio, formam um cenário positivo para 2017/18 no Brasil. “Tenho certeza que para nós vai ser bom o que está acontecendo com o mercado americano”, cravou.
Expansão de áreas no Brasil
O economista João Macedo, da consultoria INTL FCStone (parceira da Expedição Safra e também na promoção do seminário em Uruçuí), foi o segundo palestrante da noite. Um dos principais aspectos da fala dele foi o diagnóstico de que o país tem a maior capacidade do mundo em áreas de expansão agrícola. Segundo o especialista, as terras brasileiras para abertura têm preços baixos comparados com o resto do mundo. “O Brasil é o único com capacidade ‘ilimitada’ de crescimento na produção de grãos e é o país que melhor se coloca no suprimento do aumento da demanda mundial”, falou.
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