As lavouras de soja e de milho no Piauí, em sua maioria, se encaminham para fase final de desenvolvimento com boa qualidade. Com potencial de atingir médias próximas de até 55 sacas por hectare na soja e de até 150 sacas por hectare no milho, os produtores sentem certo alívio. Nas últimas quatro safras, houve quebras na região. No ano passado, foi comum as máquinas sequer entrarem em algumas lavouras.
Mas, se por um lado as plantações desse ciclo estão boas, o que preocupa os produtores ainda são as dívidas acumuladas. No estado, a maioria deles está descapitalizada. Uma boa parte teve que renegociar contas para os próximos quatro ou cinco anos. E há ainda gente que tem produto dessa temporada comprometido com acordos da safra passada, já que a produtividade de 10 sacas por hectare de soja e de 50 sacas por hectare de milho não foi suficiente para honrar os contratos antecipados de 2015/16.
Valdemar Kretschmer, cuja família produz grãos no distrito de Nova Santa Rosa, no município de Uruçuí, no Piauí, é um dos que tiveram que renegociar parcelas de financiamento para os próximos cinco anos. “Na contratação do empréstimo o juro era de 4%. Agora, na renegociação, estou pagando 25% de juro na parcela”, lamenta. Ele tem 2,4 mil hectares plantados (950 de milho, 1250 de soja e 150 de arroz) com boas condições de desenvolvimento até agora.
Kretschmer, que colheu 22 sacas por hectare de soja e 50 sacas por hectare de milho no ciclo passado, diz que as áreas na temporada atual têm potencial de atingir 50 sacas por hectare e 150 sacas por hectare, respectivamente. Nova Santa Rosa possui aproximadamente 60 mil hectares de lavouras e o rendimento médio deve ficar mais ou menos parecido. “Na minha opinião, nós estamos recuperando a produtividade, não é esse negócio que todo mundo fala de ‘super-safra’. Até o final do mês, tenho áreas que ainda correm alto risco e precisam de chuva”, pondera.
Bom Jesus
Mais ao sul do Piauí, a região de Bom Jesus também contabiliza o prejuízo dos últimos anos. De acordo com o presidente do Sindicato Rural do município Abel Pieta, vai levar um tempo para que todos os débitos sejam estancados. “Eu diria que os produtores terão que trabalhar três anos com safras boas para poderem pagar suas dívidas aqui na região”, calcula. Segundo Pieta, são aproximadamente 180 mil hectares cultivados no entorno da cidade.
Pelos cálculos do presidente do sindicato, cerca de 30% de toda a safra 2016/17 serão utilizados para quitar dívidas de 2015/16. “A região toda tem muito produtor endividado, precisamos muito de uma sequência de anos bons”, diz. Segundo ele, caso se confirmem as previsões favoráveis em relação ao clima para o Piauí nas próximas safras, a expansão de áreas no estado deve voltar a acontecer. “Com essas perdas todas, tem muita gente começando com pecuária na região para diversificar os negócios. Nesse ano, mais ou menos 15% dos produtores devem usar a segunda safra para fazer pastagens”, finaliza.
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