Por enquanto, o noticiário agrícola em 2017 está marcado por recordes. Maior produtor de grãos do mundo, os Estados Unidos atingiram uma marca histórica: mais de 500 milhões de toneladas. Segundo colocado, o Brasil, que está na etapa final da colheita de verão, também vai fazer bonito e deve colher 217 milhões de toneladas, uma cifra sem precedentes.
A exceção é a Argentina. O país, que ocupa a terceira colocação no ranking mundial de produção de grãos, repete o drama da safra anterior e vive um momento delicado no campo. Por causas das chuvas, 1 milhão de hectares de soja estão literalmente debaixo d’água. Segundo estimativas da Bolsa de Comércio de Rosário, as perdas podem chegar a 5 milhões de toneladas. Ao todo, 19,2 milhões de hectares no país vizinho foram dedicados ao plantio da oleaginosa.
Além das perdas, o atraso na colheita também preocupa. Segundo Marina Barletta, do setor de estimativas agrícolas da Bolsa de Rosário, apenas 21% da soja foi colhida, enquanto a média histórica para esse período é de 42%. “Nós tivemos uma situação ainda mais dramática no ano passado, quando só 15% tinham sido colhidos nesta época”.
Em algumas regiões menos críticas, nas quais os volumes de chuvas não estragaram totalmente as lavouras, a umidade impede o avanço das colheitadeiras. É o caso do Sul de Córdoba, Norte de Buenos Aires e diferentes trechos das províncias de Santa Fé e La Pampa. “Estou com a soja dessecada há 20 dias e não consigo colher”, conta o produtor Gustavo Sutter Schneider, que cultiva 1 mil hectares na província de Santa Fé. “Já perdi 8% da minha soja. E nos talhões em que não perdi, a minha produtividade não passa de 46 sacas por hectare”, reclama.
Apesar das chuvas, a Bolsa de Rosário mantém as expectativas para a soja: 56 milhões de toneladas. O volume, se alcançado, vai superar ligeiramente o ano passado, quando foram colhidos 55,3 mi de t. De acordo com Sofía Corina, do departamento econômico da Bolsa de Rosário, algumas regiões estão com médias de produtividade acima do espero. “Onde não choveu, como no Chaco e em Santiago del Estero, tem produtor com médias acima de 65 sacas por hectare”, diz. Por enquanto, o país está com uma média de 3.620 quilos por ha (60 sacas).