A Expedição Safra retorna à estrada nesta sexta-feira (20) para acompanhar o andamento da colheita nas principais regiões produtoras do país, começando por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os trabalhos no campo já começaram e a expectativa é de uma safra cheia, atingindo o potencial de 215 milhões de toneladas estimado pelo Agronegócio Gazeta do Povo, que já era esperado na temporada anterior e só não se cumpriu por conta das perdas climáticas.
O que vai determinar o resultado das lavouras na safra 2016/17 é justamente o clima. “Nós estamos sob o efeito de um La Niña fraco e a tendência é de que ela se enfraqueça ainda mais”, aponta o meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “Mas ele ainda vai influenciar o clima por um ou dois meses”, acrescenta.
Caracterizado pelo resfriamento do Oceano Pacífico, o La Niña provoca irregularidade de chuvas em todo Brasil. Segundo Lazinski, após um período de bastante chuva, o Sul do país deve ter tempo mais firme pelo menos até o fim de janeiro, o que traz efeitos opostos, dependendo da região. “No Oeste do Paraná, por exemplo, as lavouras estão quase prontas, então essa redução das chuvas até favorece a colheita. Já no Sul do estado, onde a soja é plantada um pouco mais tarde, com certeza o tempo seco vai afetar o desempenho, as plantas estão numa fase mais crítica de desenvolvimento”, explica.
Expedição Safra
O projeto está na 11ª edição e, todos os anos, percorre as principais regiões produtoras do Brasil, da América do Sul e dos Estados Unidos. Na safra 2016/17, a equipe de técnicos e jornalistas já rodou mais de 40 mil quilômetros e acompanhou os trabalhos de plantio em dez estados brasileiros, além da colheita nos EUA. Agora, na segunda etapa, as visitas serão em 12 estados. O roteiro inclui ainda a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.
No Matopiba – fronteira agrícola formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – também existe preocupação com o La Niña. São pelo menos três anos seguidos em que produtores rurais da região sofrem com o clima. Na safra passada, em algumas áreas, as perdas foram totais.
“Nesta safra deveria ter chovido melhor em função do La Niña, mas isso não aconteceu porque as águas do Oceano Atlântico, mais ao norte do país, também estão frias, o que deslocou essas chuvas”, afirma Lazinski. “Agora volta a chover no Matopiba, de uma forma mais regular, mas é difícil dizer até que ponto essa falta de chuva prejudicou as lavouras da região”, completa.
No restante do país, a tendência é de que o clima tenha menos interferência no desempenho da colheita. No entanto, para o coordenador do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, Giovani Ferreira, essa instabilidade em pontos importantes de produção afasta a possibilidade de uma super-safra. Ainda assim, as expectativas são boas. “Nós teremos uma safra boa, de retomada em relação ao ciclo passado”, salienta.
Para a temporada 2016/17, a estimativa do Agronegócio Gazeta do Povo é de que as lavouras brasileiras atinjam 215 milhões de toneladas, com a soja devendo ultrapassar os 100 milhões de toneladas. No ciclo passado, o potencial era exatamente o mesmo, mas, por causa das perdas climáticas, foram colhidos, ao todo, 210 milhões de toneladas de grãos.
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