A Expedição Safra 2016/17 começou nesta semana uma trajetória que vai percorrer mais de 60 mil quilômetros nas principais regiões produtoras de grãos do Brasil e do mundo. O projeto faz um diagnóstico do plantio à colheita e aponta os rumos que o agronegócio brasileiro e da América do Sul vão tomar no ciclo que se inicia agora.
A 11.ª edição do levantamento começou pelos Estados Unidos, que está na reta final da colheita. Nas próximas semanas, jornalistas e técnicos do projeto percorrem 16 estados no Brasil, onde ocorre o plantio desde setembro.
O gerente do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira, estima que o levantamento pelo Brasil vá encontrar pela frente um ano de boas notícias para o setor. “Depois de uma safra com perdas para o clima, vamos recuperar em 2016/17 o potencial produtivo que estava previsto inicialmente para 2015/16”, estima (ver gráfico ao lado).
Grande vilão da safra anterior, o clima deve ser o grande trunfo da nova safra, apontam analistas. “Por enquanto, temos acompanhado e tem ocorrido tudo bem para a produção de grãos no Brasil. O que pode acontecer é uma concentração do plantio, porque quem quer fazer safrinha tenta antecipar ao máximo o plantio”, avalia a analista de mercado da INTL FCStone Ana Luiza Lodi.
Segundo Ana Lodi, para ter a noção exata do ritmo de plantio é essencial ir às lavouras e ver com os próprios olhos o desenvolvimento das culturas. “Indo a campo você tem a chance de conversar com as diferentes elos da cadeia, do produtor até a revenda de insumos”, diz.
Previsão favorável
Quem acompanha diariamente a previsão do tempo confirma um panorama favorável aos grãos até o início do verão, em dezembro. Fabrício Daniel Silva, meteorologista do Inmet, diz que rumores de uma anomalia meteorológica, que colocaria tudo a perder no campo, não têm embasamento. “Não estamos observando um La Niña bem configurado até agora. O fenômeno está se desenvolvendo muito lentamente e o que os modelos preveem é que podemos ter, sim, uma La Niña, mas fraca”, explica.
O Centro-Oeste, a região produtora do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e o Sudeste devem ter chuvas de regulares até acima da média para este ano, segundo o meteorologista. No Sul, as chuvas devem ficar próximas das médias históricas, podendo ocorrer períodos isolados de estiagens um pouco mais prolongadas. “A tendência é que até o fim do ano não tenhamos chuva em excesso e nem falta”, resume o meteorologista.