Se Iowa, nos Estados Unidos, fosse um país, ocuparia nada mais nada menos que a quarta colocação no ranking mundial de produção de milho. Com uma colheita estimada em 68 milhões de toneladas, a volume do cereal no estado que equivale, a mais de 80% de todo o milho produzido no Brasil. Na super-safra norte-americana, o milho dos produtores de Iowa vai responder por quase 18% da oferta nacional.
Os números sugerem a dimensão do que o cereal representa para a economia de Iowa.
As rodovias que cortam a região são praticamente todas margeadas por milharais. E em ano de safra recorde não é difícil encontrar montanhas do grão estocadas a céu aberto. O detalhe é que ainda há muita coisa para colher, ainda estão no campo pelo menos 60% do que foi plantado. “Nos últimos anos, com rendimentos melhores, muitos dos nossos produtores investiram em infraestrutura, inclusive em armazenagem”, conta Shannon Textor, porta-voz do Iowa Corn, instituição que representa os produtores do estado.
Com uma produtividade de média até o momento de 209,5 sacas por hectare ou 12.573 kg/ha, os agricultores de Iowa se preparam para um desempenho sem precedentes. “Eu nunca vi nada parecido com o que tivemos em termos de clima nesta safra”, observa Gordon Assinaar, produtor de Priarie City, no coração de Iowa, com a experiência de quem diz que já deveria até ter se aposentado, mas não consegue largar o campo.
E se o preço do milho em grão, hoje abaixo do custo de produção, preocupa agricultores de todo país, em Iowa, o estado que mais produz nos Estados Unidos, o dilema é ainda maior. Mas tem produtor que está conseguindo driblar essa relação de oferta e demanda que impacta nas cotações. Cannon decidiu apostar: aproveitou uma janela de mercado e vendeu 40% da sua produção de forma antecipada, em maio e junho, quando as cotações estavam melhores. Agora, com produtividade na casa de 232,8 sc/ha ou 13.970 kg/ha, ele comemora. “Usei uma estratégia mais agressiva”, salienta. “Na época, os preços estavam até US$ 1,20 mais altos por bushel. Foi um ótimo negócio”, completa.
O milho é a vedete de Iowa. Mas a soja também vai bem. Produtores como Will Cannon contam que tiveram dificuldades com doenças na lavoura. Nada, porém, que impedisse uma produtividade estimada em 65,7 sc/ha ou 3.950/ha. Ao todo, Iowa deve colher 15 milhões de toneladas de soja, respondendo por, aproximadamente, 13% da produção total dos EUA.