Pouca gente sabe, mas 80% das 200 mil toneladas de pipoca consumidas no Brasil saem de uma cidade no interior do Mato Grosso: Campo Novo do Parecis, localizada a 400 quilômetros de Cuiabá. Lá, os produtores aproveitam o bom momento da soja para planejar a próxima safra, que começa logo após a colheita da oleaginosa. Além do milho pipoca, o município é um grande produtor de girassol, algodão, cana-de-açúcar, sorgo e milho tradicional, usado na ração de animais.
No ciclo atual, a produtividade das lavouras está impressionando os agricultores. Sergio Costa Beber Stefanelo diz que nunca obteve resultados tão positivos. Ele já colheu 25% dos 5,6 mil hectares de soja cultivados e, por enquanto, a média de produtividade está em 64 sacas. “No ano passado, quando atingi 61 sacas por hectare, achei que não veria um resultado melhor tão cedo. Está excepcional”, afirma.
Segundo Stefanelo, que é engenheiro agrônomo e tem uma empresa de sementes, Campo Novo do Parecis tem tudo para ter uma safra de soja excelente. Dados do Sindicato Rural mostram que os produtores do município semearam 370 mil hectares da oleaginosa. “A soja colhida está excelente”, diz o produtor. “Posso falar sobre aquilo que já foi colhido. O que está na lavoura ainda precisa passar pelas balanças para ser confirmado. Se o clima não atrapalhar, esta será a maior safra que o Parecis já teve”. Stefanelo usou uma metáfora de futebol para exemplificar a situação. “Se fosse um jogo, eu afirmaria que estamos no fim do primeiro tempo, mas ganhando de 3 a 0”. Na safrinha, o produtor disse que vai apostar no milho pipoca e no girassol, culturas com as quais trabalha há 12 anos. “Tudo leva a crer que com uma safra boa, a safrinha também será”, reforça.
A gerente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Vera Lucia Garcia, diz que a atual safra de soja do município contrariou muitas previsões. “Disseram que não iria chover, e a chuva veio antes da hora. Que o clima não seria tão bom, e foi excelente”. De acordo com ela, tudo leva a crer que os resultados serão melhores que no ano anterior. “A safra vai se definir, de verdade, nos próximos dias. Se não fosse a chuva da última semana, a colheita estaria bem mais avançada, mas os produtores estão satisfeitos”, conta.
Mercado
No ciclo atual, o casal de produtores Humberto Luiz Kohl e Fátima Kohl, que semeou 1,5 mil hectares de soja, obteve, até o momento, 63 sacas por hectare, quase vinte acima da safra passada. “Apesar da chuva da última semana, conseguimos colocar as colheitadeiras nas lavouras e tirar um grão muito bom”, diz Humberto Kohl, que também não reclama dos preços. “Fizemos contratos antecipados de R$ 70, R$ 65, vendemos 40%. Mas não dá para reclamar do preço atual, em torno de R$ 61. Claro que queríamos mais, mas está bom”. Na safrinha, o casal vai semear 1 mil hectares de milho.
Cerca de 60% da produção de soja de Sergio Stefanelo também foi comercializada antecipadamente, devido ao receio de uma queda mais forte nos preços da oleaginosa com a confirmação do número recorde da safra norte-americana. Em relação aos custos desta temporada, ele relata condições mais favoráveis do que em anos anteriores. “A relação de troca entre adubo e soja é a melhor que eu já tive”, conta. No caso dos defensivos, ele afirma que houve aumento grande na procura, pois o uso foi exorbitante, o que fez com que os preços subissem.
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