Os Estados Unidos venceram o clima. A safra 2016/17, em plena colheita, será recorde e sem precedentes na história do agronegócio moderno do país e do mundo. Uma combinação quase que perfeita entre clima e tecnologia surpreende o mercado, os analistas e os próprios produtores. Com rendimentos médios acima de 11 mil quilos no milho e mais de 3,5 mil quilos/hectare na soja, os norte-americanos inauguram um novo patamar de produtividade. O desafio agora é garantir preço e rentabilidade à tamanha produção.
INFOGRÁFICO: Confira os dados de produção, produtividade e área de milho e soja dos Estados Unidos
Plantaram onde dava e estocam como podem nos Estados Unidos
Agricultores anteciparam o cenário difícil e comercializaram boa parte da produção
Leia a matéria completaOpinião: Clima e tecnologia, os segredos da super safra dos Estados Unidos
Leia a matéria completaO mercado, de certa forma, já precificou o potencial das mais de 380 milhões de toneladas de milho e 115 milhões de soja. As cotações só não vieram para perto ou para baixo dos US$ 9/bushel na soja e US$ 3,5 no milho porque a demanda segue mais aquecida que as previsões. Contudo, à medida que a colheita avança para o final, fica mais difícil sustentar os atuais níveis de preços na Bolsa de Chicago. Outra preocupação do mercado vem agora da América do Sul, região que intensifica o plantio e pode adicionar mais de 280 milhões de toneladas de soja e milho em uma oferta já saturada.
Nem todos os agricultores tiveram a mesma sorte ou seguiram a mesma estratégia de Will Cannon, de Praiare City, região central de Iowa. Ele decidiu apostar alto, aproveitou uma janela de mercado e vendeu mais da metade da sua produção de soja e milho de forma antecipada, no mercado futuro. Isso ainda em maio e junho, quando as cotações estavam até US$ 1,2 melhores por bushel. “Usei uma estratégia mais agressiva”, salienta. Quem não teve a mesma sorte de Will espera uma nova reação dos preços e reza para um aumento no consumo.
“Estamos conversando com empresas automobilísticas para entender como eles vão fazer motores mais potentes para combustíveis de alta octanagem. O etanol é o mais barato deles”, diz a porta-voz do Illinois Corn, Tricia Braid. A instituição trabalha, ainda, para aumentar o nível de etanol de milho na gasolina comum, bem como o limite de incentivos fiscais para as distribuidoras que compram o combustível. Essas, porém, são vias de longo prazo. “A saída mais rápida é aumentar as exportações”, complementa Phil Thornton, diretor de valor agregado do Illinois Corn. O desafio passa por ampliar os mercados existentes e, até mesmo, criar novas opções.
Sustentadas na demanda, as cotações da soja estão abaixo do que os produtores desejam. Mas ainda assim maiores de US$ 0,80 e US$ 1/bushel do que na mesma época do ano passado, quando a produção foi menor. Agora, o sentimento geral parece ser de que a alta produtividade vai compensar uma eventual queda maior de preços. “Vamos acabar ganhando o mesmo tanto por área”, afirma o produtor Mike Riley, do Minnesota, que conseguiu 85 sacas da oleaginosa/hectare, 50% acima da média nacional.
No caso do milho, a situação é um pouco mais preocupante. O rendimento de Riley aumentou 3% em relação à temporada passada, está estimado atualmente em 183,5 sc/ha, e as cotações por bushel já estão em média US$ 0,30 mais baixas do que outubro de 2015. “Por isso, todo mercado é importante para nós”, ressalta Shannon Textor, porta-voz do Iowa Corn. “É um grande desafio.”
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