A Bahia foi quem sofreu menos com as secas dos últimos quatro anos, entre os estados que formam o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Mas isso não quer dizer que os números do ciclo passado, que teve as estiagens mais severas, foram bons. Saíram das terras baianas uma média de 33 sacas (sc) de soja por hectare (ha) em 2015/16. Para a temporada atual são esperadas 56 sc/ha, o que faz os produtores projetarem um período de recuperação para os próximos anos.
O produtor Sebastião Marcelo Mariussi, de Luis Eduardo Magalhães, no Oeste da Bahia, cultiva 3,7 mil hectares da oleaginosa nesta temporada. Com 10% da área colhida, o rendimento deste ano sinaliza uma retomada dos padrões normais, em torno de 50 sc/ha. “A chuva foi melhor nesse ano, mas não teve uma distribuição uniforme. Nessa área aqui em frente [perto da sede da fazenda], apesar de estar do lado das outras, a chuva foi muito menor”, exemplifica.
Há mais de 30 anos no oeste baiano, o atual presidente da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), Júlio Cézar Busato, enfatiza que os quatro anos ruins nas lavouras não mudaram os planos dos agricultores de seguirem produzindo. “Na verdade, nós nunca desanimamos. Foram quatro anos ruins, mas a agricultura é uma atividade de risco e temos que estar preparados para enfrentar períodos assim”, diz.
Júlio explica que em todo o oeste baiano, na última década, os produtores vinham em um ritmo de investimento em novas áreas. Com a quebra nos últimos anos, quem estava apostando em ampliar as terras teve problemas maiores. “Esse sempre foi um movimento natural, não é que nós produtores tenhamos feito barbeiragem. Quando cheguei aqui, em 1987, a região plantava 200 mil hectares. Hoje são 2,2 milhões. Então, durante todo esse tempo, houve muito investimento em expansão de áreas”, relata.
Previsões
De acordo com dados da Associação de Agricultores Irrigantes da Bahia (Aiba), a região tem 1,58 milhão de hectares dedicados à oleaginosa – que devem produzir cerca de 55 sacas por hectare. Há ainda 200 mil hectares de algodão e 180 mil hectares com milho. Com pontos isolados sem chuva nos terrenos plantados, a fibra deve registrar produtividades na casa de 270 arrobas por hectare. Já o milho, que sofreu com problemas, principalmente relacionados à praga cigarrinha, deve atingir médias próximas de 130 sc/ha.