A safra 2016/17 em Campo Novo do Parecis, no centro-oeste do Mato Grosso, já começou com um recorde. Nunca os 400 mil hectares de soja da região tinham sido plantados tão precocemente como no ciclo 2016/17. Produtores rurais que estão no local desde o início do plantio da oleaginosa nessas terras, há cerca de 30 anos, estão surpresos com a chuva 15 dias mais cedo do que o esperado. O plantio, que ocorre tradicionalmente de 1º de outubro a 15 de novembro, neste ano foi de 15 de setembro a 31 de outubro. Isso deve favorecer as segundas safras da região, que são de algodão, milho pipoca, girassol, sorgo e milho.
Sérgio Stefanello, um dos primeiros produtores de soja a chegar na região e que cultiva 6 mil hectares, resume a situação da expectativa da safra como se fosse uma partida de futebol. “Até agora estamos ganhando de três a zero nos 20 minutos do primeiro tempo. Mas tem muita coisa para acontecer até a colheita”, alerta. Ele mantém a cautela especialmente por causa da concentração do plantio. “Nós produtores somos um pouco inconsequentes, plantamos muito rápido e todos o mais cedo possível”, ressalta ele ao prever que a colheita ficará concentrada no início de fevereiro.
O problema é que fevereiro costuma ser um mês chuvoso, o que pode prejudicar a colheita. Stefanello conta que a região em geral é privilegiada em relação a isso porque com o calor que faz, em poucas horas o solo já está seco e apto para as colheitadeiras entrarem no campo. Mas esse ano, por estar prevista uma temperatura média mais baixa para todo o Brasil, ocorre o risco de haver um fenômeno que assusta o agronegócio mato-grossense. “Em anos mais frios há mais chance de ocorrer a ‘invernada’, que é um tempo mais nublado e úmido que não deixa a lavoura secar para as máquinas poderem sair do galpão para colher”, relata.
Marcos Ortolan, que tem 2,7 mil hectares de soja plantados em Campo Novo do Parecis, também se preocupa com a invernada. Mas a maior lamentação dele foi não ter aproveitado o bom momento do preço da soja, que bateu mais de R$ 75 a saca, para comercializar uma parte da safra 16/17 antecipadamente. “Esperei chegar a R$ 80, mas o mercado retraiu e agora estou tentando travar a R$ 65, mas está complicado”, lamenta. Também por causa de preço ele ainda não definiu como será sua safrinha, se terá uma área menor ou maior de milho. Na região os produtores também apostam em milho pipoca, girassol, algodão e gergelim.