Depois de acumular prejuízos nas últimas três safras por causa da seca, os produtores de soja da região de Gurupi, no Sul do Tocantins, respiram aliviados. Com poucos sustos do clima ao longo do ciclo, este, de longe, deve ser um dos períodos de maior produtividade nos cerca de 150 mil hectares cultivados no local. E todo esse otimismo se reflete no ritmo de expansão da soja. Em 2017/18, os agricultores do estado, que integra a “nova” fronteira agrícola do Brasil, prometem dedicar ainda mais área ao cultivo do grão.
Carlos Henrique Naves Júnior, produtor e diretor do Sindicato Rural de Gurupi, plantou 120 hectares de soja no município de Peixe (a 70 km de Gurupi). A colheita está prevista para começar até o final de março. Mas isso é só o começo. Até o ano passado, a família de Júnior, lidava apenas com pecuária. Eles têm um total de 790 hectares de terras (já contando os 120 com grãos nessa temporada). Com uma produtividade da leguminosa estimada em 45 sacas (sc) por hectare (ha) já no primeiro ano de plantio, no próximo ciclo os planos dele são de dobrar essa área.
“Depois que eu me formei em agronomia, no ano passado, eu queria muito plantar soja. No começo, meu pai ficou receoso, porque nos últimos três anos foi muito ruim aqui para o pessoal da região. Mas eu disse: ‘pai, esse ano vai ser bom’. Depois de insistir, decidimos apostar e graças a Deus deu tudo certo até agora. Para o próximo ciclo, o plano é plantar 240 hectares e seguir com a integração lavoura-pecuária”, conta Júnior.
Esbanjando otimismo com uma produtividade de quase 70 sc/ha em um dos talhões da família, o produtor Thiago José Pelizon compartilhou os planos do pai dele de incluir mais 220 hectares à área de soja na safra 2017/18. Atualmente, eles já têm 2,1 mil hectares com o grão. “Para esse ano, que tivemos um clima bom na maior parte do tempo, acho que vamos conseguir tirar umas 60 sacas [por hectare] de média”, comemora.
Safra poderia ser ainda melhor
Com prejuízos sequenciais nos últimos três anos, boa parte dos produtores do Tocantins precisou tirar o pé do acelerador dos investimentos nesse ano. Com parcelas renegociadas de financiamentos e precisando entregar soja de contratos anteriores, Márcio Hironi Myaji, conta que diminuiu o nível da tecnologia aplicada nessa temporada. Ele espera colher cerca de 45 sc/ha de média. “Hoje eu diria que desde que cheguei aqui, em 2013/14, eu estou e não estou contente, principalmente por causa da instabilidade de chuva. Dos quatro anos, tive duas safras boas e duas com prejuízos”, resume.