O ciclo 2016/17 da soja no Paraná será de recordes, pelo menos é no que acreditam os produtores rurais do estado. Nos mais de 2 mil quilômetros percorridos pela Expedição Safra na última semana, o que se viu foram lavouras com crescimento a todo vapor e produtores confiantes de que a safra de verão terá excelentes resultados. Mas, apesar do otimismo, todos mantêm a pulga atrás da orelha ao falar de clima. Com a ocorrência do fenômeno climático La Niña (mesmo que de fraca intensidade), a irregularidade das chuvas deve ser uma constante. E no Paraná há um motivo a mais para se preocupar com isso.
18 milhões
A produção de soja no Paraná na safra 2016/17, caso não ocorram problemas ao longo do ciclo, deve passar das 18 milhões de toneladas. Na safra passada, o estado alcançou 16,5 milhões de toneladas da oleaginosa. Ao todo, o Paraná espera colher mais de 23 milhões de toneladas de grãos.
As regiões Norte, Noroeste, Oeste e parte do Sudoeste, que respondem por mais da metade da produção da oleaginosa no estado, apostam firme na segunda safra (na maioria dos casos, de milho). Para que a safrinha (como é conhecida) seja viável, a colheita da soja precisa ser feita entre o fim de janeiro e o início de fevereiro. O resultado dessa realidade: quem pôde plantou o mais cedo possível. Agora, o alerta é para o caso de as previsões de chuvas irregulares se confirmarem. E os produtores, por todas as regiões visitadas pela expedição, demonstram apreensão quanto a esse fator. “Tudo vai se definir entre a última semana de novembro e a última semana de dezembro, porque a gente viu que muitas regiões tiveram uma concentração maior do plantio em poucas semanas. Então o período crítico em relação ao desenvolvimento das plantas acaba se concentrando em poucas semanas e a condição de umidade do solo nessa safra vai ser chave no Paraná”, avalia Thadeu Silva, diretor de inteligência de mercado da INTL FCStone que acompanhou a Expedição Safra.
Previsão para a safra
O meteorologista Luiz Renato Lazinski recomenda aos produtores que redobrem a atenção em relação ao tempo nesse ano. Ele confirma a ocorrência de La Niña e que ela deixará o Paraná com chuvas bastante irregulares. “É difícil dizer quando ocorre um pico de chuva ou um período de estiagem. Porém, tudo indica uma diminuição de chuva conforme a soja vai avançando o seu ciclo”, diz. Segundo ele, as suposições que circulam entre os produtores de um possível período de seca no mês de janeiro ainda não podem ser previstas com precisão. “Mas o produtor que não espere um tempo tão favorável quanto teve nos últimos quatro ciclos”, alerta.
Tudo em aberto no Centro-Sul e Campos Gerais
A faixa do Paraná que vai de Guarapuava até a região de Ponta Grossa é responsável por mais de 20% da produção de soja no estado. O clima da região, no entanto, faz com que a safra no local seja tardia. Os motivos são o frio e as geadas. E ainda no mês de setembro, esporadicamente, pode amanhecer tudo congelado.
Por isso, enquanto há locais que já concluíram o plantio no Paraná, nessas cidades as lavouras mal começaram a ser semeadas. A paisagem nos municípios dessa área ainda é de safra de inverno. Apenas na região da cooperativa Agrária, sediada em Guarapuava, cultivam-se 22,3 mil hectares de cevada e 20,7 mil de trigo.
Ticiano Emilio Checchia, agrônomo da Coopagrícola – sediada em Ponta Grossa –, conta que na área de abrangência da organização o plantio da soja avançou apenas 30%. Com as áreas de trigo por colher, a semeadura da oleaginosa no local deve ser concluída somente no fim de novembro. “Nosso clima mais frio não permite que se planeje safrinha de milho, aqui a maioria das pessoas faz segunda safra de feijão”, explica. Na área da cooperativa há 54 mil hectares: 38 mil com soja e 8 mil com milho. Os outros 8 mil hectares são para o feijão primeira safra.
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