Santa Catarina está longe dos estados que lideram a produção de soja do país. Mas isso não quer dizer que é irrelevante no negócio. O menor dos três estados do Sul tem um papel fundamental na gigantesca safra brasileira do produto, que nesse ciclo deve passar de 100 milhões de toneladas. Se por um lado parece “pouco” produzir 2,3 milhões de toneladas da oleaginosa (previsão da Expedição Safra para 2016/17), a qualidade de boa parte desses grãos vai determinar como será a largada do ciclo seguinte. Os produtores usam o clima ideal do oeste catarinense para produzir algumas das melhores sementes da oleaginosa do país. E 2018/19 já começou com o pé direito.
Abelardo Luz, na divisa com o Paraná, é considerada a Capital Nacional da Semente de Soja. Foi em uma lavoura no município que o produtor Elisandro Luiz Fiorese fez questão de mostrar para a equipe da Expedição Safra uma soja sem ervas daninhas e com sanidade impecável. Fiorese explica que todos os seus 500 hectares da oleaginosa, cultivados no sistema de agricultura familiar, são destinados à produção de sementes. Apesar de haver várias exigências para isso, o aumento no custo de produção – de pouco mais de uma saca por hectare – compensa. “As empresas pagam uma bonificação de 30%, mas precisamos nos adequar às exigências deles. Neste ano, eu espero colher em torno de 75 sacas por hectare, cerca de 20% a mais que no ano passado”, estima.
O coordenador do Sindicato Rural de Abelardo Luz, Henrique Fabris, conta que somente o município de Abelardo Luz possui 43 mil hectares de soja cultivados (apenas 3% foram colhidos até o momento), a maior área destinada ao plantio de soja do estado entre os municípios. E nesse perímetro, que tem como principal vocação o produto tipo semente, segundo Fabris, os produtores relatam que o clima para a cultura tem sido o melhor da última década. “Até agora tivemos o clima perfeito, com chuvas no momento certo e bom índice de luminosidade. Esperamos uma média de, pelo menos, 70 sacas por hectare no município, o que seria um recorde de produtividade”, torce. A colheita deve ser finalizada entre o fim de março e começo de abril.
Milho
Em termos de volume, o milho é o principal grão plantado em Santa Catarina. No ano passado, a quebra na produção e a escassez do produto fez o estado, com uma vocação agroindustrial na produção de suínos, aves e leite, sofrer. Por isso, neste ano, há 20% mais área de milho e a produtividade deve ser 40% maior, atingindo o recorde de 3,5 milhões de toneladas. O total, no entanto, ainda está muito distante das 6 milhões de toneladas de milho consumidas em território catarinense todos os anos. Argentina, Uruguai, Paraguai e os estados brasileiros do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná fornecem o cereal que falta para fechar a conta.