O polo agrícola que envolve Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – conhecido como Matopiba – passou por uma gangorra na última década, com bons resultados nas primeiras safras dos anos 2010, o clima foi um inimigo implacável entre 2013 e 2016, com quebras que chegaram à casa dos 60% em algumas regiões. Toda a expectativa foi jogada no último ciclo, que não decepcionou, assim como no restante do país, a fronteira agrícola se redimiu e o desempenho no campo foi excelente. Os quatro estados respondem por 11% da produção nacional de grãos.
Mas a região quer (e pode) mais. Em todos os estados, os produtores apostam num clico com produtividades recordes. No maior produtor da região, a Bahia, a área semeada de soja deve aumentar em 1,3% em relação ao último ano, chegando a 1,6 milhão de hectares. E a produção deve ter um crescimento de até 5% chegando a 5,4 milhões de toneladas do grão.
Segundo o assessor de Agronegócio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), Luiz Stahlke, o clima foi fundamental. “As chuvas foram regulares e em volumes adequados”, afirma. Para ele, é possível que o estado atinja 56 sacas por hectare de média, a melhor desde o recorde absoluto da safra 2010/11. “É possível. Muitos produtores estão apostando. As perspectivas de clima são muito boas”, diz.
No Piauí, a situação também não é diferente. Presidente estadual da Aprosoja, o produtor Altair Fianco conta que 90% dos 705 mil hectares dedicados à oleaginosa foram semeadas e 80% dos 130 hectares de milho também foram plantados. “Foi o melhor mês de novembro que nós já tivemos aqui no estado. Com exceção de pequenas áreas, o clima foi excelente”. No ano passado, o Piauí fechou com uma média de produtividade de 47 sacas por hectares, no ciclo atual são 50. “Aumenta o ânimo dos produtores. Diferente de outros estados, os contratos de venda antecipada no Piauí beiram os 40%”, conta.
O engenheiro agrônomo da Fundação de Apoio a Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (Fapcen) – entidade localizada em Balsas, no Maranhão –, João Batista, diz que no estado houve atrasos por causa do excesso de chuva, no entanto, nada que tirasse o bom humor dos produtores. “Tem muito produtor que vai conseguir fazer safrinha sem problema. Se o clima continuar como está, sem veranicos prolongados, será sim uma safra cheia”.
O superintendente da cooperativa paranaense Frísia, que também atua no Tocantins, Emerson Moura conta que naquele estado a situação não é diferente. “Houveram alguns atrasos causados por estiagem, replantio, mas com as chuvas, a situação para semeadura melhorou”. A expectativa da cooperativa com a safra é tão grande, revela o superintendente, que a cooperativa está aumentando a capacidade de armazenagem no entreposto que tem em Paraíso do Tocantins de 28 mil toneladas para 48 mil t. “A expectativa é chegar em 2019 com 56 mil toneladas de capacidade”, conta.