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Pé de soja que não dá grão aparece em lavouras do Paraná e intriga pesquisadores

Soja apresentava as mesmas características de uma planta saudável, a não ser pela ausência quase que total de vagens e grãos. | Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal
Soja apresentava as mesmas características de uma planta saudável, a não ser pela ausência quase que total de vagens e grãos. (Foto: Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal)

De longe, parecia uma lavoura de soja saudável. Mas, de perto, tinha uma coisa faltando: a soja propriamente dita. “Nunca tinha visto isso, ela jogou fora os grãos, as vagens. A gente não sabe se foi algum mecanismo de proteção”, lembra o produtor Clóvis Gressler Junior, de Marechal Cândido Rondon, no Oeste paranaense, um dos que se deparou com a ‘soja pelada’, ainda no final do ano passado. “Foi numa área pequena, de 100 metros quadrados, onde a gente tinha feito um teste com um fungicida e um [fertilizante] foliar à base de orgânicos. Não sabemos se foi uma deficiência de nutrientes, é tudo novo.”

O que causou o abortamento das vagens, o agricultor ainda não sabe. E nem os cientistas. A Embrapa Soja publicou uma nota técnica assinada por oito pesquisadores, em que explica o problema e, na medida do possível, orienta os produtores.

“Naturalmente a soja está programada para descartar um número expressivo de flores, que são produzidas em excesso, e abortar um certo número de vagens, além de ajustar o enchimento dos grãos, de acordo com a disponibilidade dos fatores do ambiente”, diz o documento. “Têm sido relatados casos de abortamento drástico de vagens (acima de 50% e em alguns casos chegando a quase 100%) e casos em que as vagens permanecem nas plantas sem, contudo, os grãos completarem seu pleno desenvolvimento.”

Soja apresentou abortamento de vagens acima do normal. | Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal

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Soja apresentou abortamento de vagens acima do normal.

No talhão ao lado, pés de soja estavam completamente normal. | Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal/

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No talhão ao lado, pés de soja estavam completamente normal.

Quando não tinham caído, as vagens mal tinham formado grãos. | Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal/

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Quando não tinham caído, as vagens mal tinham formado grãos.

Problema é mais grave no Oeste do Paraná. | Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal/

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Problema é mais grave no Oeste do Paraná.

Até agora, no entanto, as perdas são consideradas pontuais. | Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal/

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Até agora, no entanto, as perdas são consideradas pontuais.

Vagens caíram ainda verdes no chão, algo inédito até mesmo para os pesquisadores. | Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal/

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Vagens caíram ainda verdes no chão, algo inédito até mesmo para os pesquisadores.

Além da ‘soja pelada’, ferrugem asiática preocupa na região. | Clóvis Gressler Junior/Arquivo pessoal/

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Além da ‘soja pelada’, ferrugem asiática preocupa na região.

A Embrapa descarta as hipóteses de que o problema seja uma consequência da antracnose, doença fúngica mais comum no Centro-Oeste, e de que o clima úmido seja o único responsável pela ocorrência da ‘soja pelada’. “É importante ressaltar que nas mesmas regiões a maioria das áreas está com desenvolvimento normal, o que sugere que o problema ocorreu quando houve a coincidência de vários fatores. A maior ou menor sensibilidade de algumas cultivares; época de plantio; práticas equivocadas de manejo do solo e da cultura na área ou talhão podem também estar interagindo para a ocorrência do problema”, pontua a nota.

Por enquanto, os episódios têm sido tratados como perdas pontuais, sem impacto significativo para a produção total, principalmente no Oeste e Norte do Paraná, e algumas regiões de São Paulo. Mas Clóvis conta que, embora a área afetada em sua propriedade tenha sido pequena, ele soube de casos em que colegas perderam mais de 70 hectares de soja dessa maneira. “Está infestado aqui, em Toledo, Assis Chateaubriand... Para eles, deu perda total. Se eu não tivesse realizado o manejo nas outras áreas, teria perdido a área toda”, completa o produtor, que semeou ao todo 150 hectares com soja.

“O que se pode concluir é que não há técnicas que resolvam ou minimizem o problema já estabelecido”, reconhece a Embrapa. “Para as próximas safras, a inserção da soja em um sistema de produção com adequado manejo do solo e rotação de culturas, além de uma cuidadosa condução da lavoura, escolha adequada e diversificada de cultivares, com os devidos cuidados no manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, evitando os exageros da aplicação de produtos químicos, poderia evitar ou, pelo menos, reduzir o surgimento de problemas semelhantes no futuro.”

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