No Oeste do Paraná, região que mais produz soja no estado, o clima não tem sido um grande aliado dos agricultores. Nesta safra, uma estiagem no início da janela de plantio, atrasou a semeadura em até 15 dias. “Plantei 100% da soja e do milho no pó”, conta o engenheiro agrônomo Anderson Dalastra, que tem 50 hectares em Palotina. A situação foi regra em muitas lavouras de Cascavel, Toledo, Medianeira e outras cidades próximas.
O supervisor de campo experimental da cooperativa C.Vale, Enoir Pelizzaro, conta que o plantio e o desenvolvimento inicial não foram dos melhores. “No entanto, as chuvas se normalizaram e as lavouras se recuperaram”, afirma. Mas a preocupação com o clima permanece. “O tempo nos próximos 15, 20 dias, será decisivo para sabermos se teremos médias boas ou ruins”. A previsão, segundo os meteorologistas, é de chuvas generalizadas na região ao longos dos próximos dias.
Pelizzaro acredita que a região vai produzir uma safra cheia se comparada com a média histórica, no entanto vai ficar abaixo do que foi produzido no último ciclo. “Principalmente pela fase inicial da cultura, a deficiência de chuvas. Teremos uma boa safra, mas nada excepcional”. O produtor Anderson Dalastra concorda. “Ano passado, a média ficou em 82 sacas por hectare, na safra atual vai girar em torno de 70 sc/ha”, acredita.
Segundo o Consórcio Antiferrugem, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Oeste do Paraná concentra o maior número de casos de ferrugem asiática do estado. Já foram notificados cinco casos em lavouras comerciais. O consultor técnico da C.Vale, Emanuel Gomes de Moraes, a cooperativa realiza um trabalho intensivo no controle da doença. “Verificamos se o manejo está em dia. Orientamos os produtores sobre as aplicações, mas a situação está dentro do controle”.
Faturamento
O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, diz que gostaria que o resultado fosse o mesmo do ano anterior. “Mas o clima está demonstrando que vai interferir na produtividade. A gente espera uma safra boa e que surpreenda no final”.
Lang conta que a C.Vale, segundo maior cooperativa do Brasil, vai fechar 2017 com um crescimento abaixo do esperado. “Ano passado crescemos 24%, neste ano deve ser um pouco acima de 0%. A expectativa inicial era de atingir a marca de R$ 8,145 bi, mas devido aos preços dos grãos, que caíram bastante, não vamos conseguir. O produtor não vendeu”, revela.
Ainda de acordo com o presidente da cooperativa, os estoques da cooperativa estão cheios, o que gera certa preocupação para safra atual. “Ultrapassamos a marca de 4 milhões de toneladas recebidas. Os estoques estão bastante lotados, vamos ter lidar com logística, vai ser complicado”. Para 2018, a expectativa é que cooperativa termine o ano com R$ 8,236 bi de faturamento.