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Expedição safra

Calor de 40°C atrasa o plantio do milho no oeste de São Paulo

José Pascoal Palharini ainda está colhendo a soja em sua propriedade e não tem previsão de plantar o milho safrinha por causa da falta de chuvas. | Michel Willian/Gazeta do Povo
José Pascoal Palharini ainda está colhendo a soja em sua propriedade e não tem previsão de plantar o milho safrinha por causa da falta de chuvas. (Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo)

Há 30 anos que a família Palharini cultiva grãos na região do Vale do Paranapanema, interior de São Paulo, mas está difícil lembrar de um ano em que o calor e a falta de chuvas tenha judiado tanto da lavoura quanto neste. Depois de enfrentarem 20 dias de estiagem em dezembro, os 200 hectares de soja que cultivam em Cândido Mota viram chuva boa pela última vez no dia 8 de janeiro. Além de “fritar” a soja no campo, o problema acabou atrasando o plantio do milho safrinha. Sem chuva, não há garantia de que as sementes vão resistir ao sol e ao calor de mais de 40°C que tem feito na região.

A incerteza acaba se refletindo na produtividade esperada para a safrinha. “Não dá para saber quanto vamos colher, nem mesmo quando vamos conseguir plantar. A gente gostaria de tirar entre 100 e 110 sacas por hectare”, diz Vitor Palharini, um dos proprietários da fazenda, que planta 145 ha de safrinha. “Ninguém está plantando na região por causa da falta de umidade no solo. Ainda está cedo para o plantio e a previsão é de chuva para os próximos dias”, observa o patriarca José Pascoal Palharini.

De acordo com o consultor Leandro André Fernandes, da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Paraguaçu Paulista, a estiagem afetou 80% das áreas de plantio de soja no município de Cândido Mota, o que afetou 70% da produção. “Quem plantou cultivares de ciclo mais longo, em meados de outubro, foram mais afetados, pois pegou a fase de florada e de enchimento de grão”, afirma.

Vitor conta que nos arredores da propriedade alguns produtores estão colhendo apenas 20 sacas de soja por hectare. “Aqui para o lado de Palmital, a soja está morrendo toda”, relata. As chuvas que chegam são pontuais. Na fazenda dos Palharini a média de produtividade nos primeiros talhões até que não tem sido tão ruim – 50 sacas/ha, enquanto que a média do município oscila entre 40 e 45 sacas/ha. Mas poucos acreditam que as demais cidades do Vale do Paranapanema cheguem a uma média de 50 sacas.

Janela

Fernandes explica que a janela para o plantio do milho vai até 10 março, mas o risco de um plantio tardio é maior, tanto do ponto de vista do aumento dos custos quanto de perda posteriormente da lavoura, que estará sujeita inclusive a pegar geada no meio do ano. A produtividade média da safrinha em Cândido Mota é de 90 sacas/ha. A família Palharini, que está acostumada acolher 110 sacas, no ano passado teve rendimento de apenas 80 sacas. O que acaba dando um frio na barriga, pois eles têm seguro para a soja, mas não para o milho.

A expectativa para a safra de soja 2018/2019 na propriedade era de 65 sacas por hectare, enquanto já produtividade na safra anterior foi de 60 sacas/ha. O investimento feito pela família foi alto no ano passado, especialmente com fertilizantes e fungicidas, que mais pesaram nos custos. Estes aumentaram em R$ 350 por hectare.

Conforme estimativa da Expedição Safra, as lavouras de soja e milho do estado de São Paulo devem reduzir a produtividade neste ano, acompanhando a tendência nacional. No entanto, o aumento da área plantada no estado – em torno de 10,5% – deve garantir que as perdas não sejam tão grandes, com uma estimativa, inclusive, de aumento da produção.

Enquanto em SP a área cultivada deve passar de 950 mil hectares para 1,05 milhão de hectares, a produtividade esperada deve cair de 3.231 kg/hectare para 3.220 kg/hectare. Entretanto, o volume total produzido deve subir de 3,07 milhões de t para 3,38 milhões de t. Essa queda de produtividade se deve à estiagem que atingiu as primeiras colheitas.

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