No dia 1º deste mês, 30% dos 5,7 milhões de hectares dedicados à soja no Paraná tinham sido semeados. Foi o plantio mais rápido da história. Naquela data, o volume era quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, 16%. Os produtores estavam animados.
Semanas depois, a situação mudou completamente. No último boletim divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), nesta terça-feira (23), 59% da área haviam sido cobertos, contra 66% do ciclo anterior, que também não foi bom por causa de uma longa estiagem entre os meses de setembro e outubro.
Neste ano, a situação é outra. Nos últimos dias, choveu acima da média em todas as áreas produtivas do Paraná. Em alguns casos, os acumulados ficaram até 60 milímetros acima do normal. Não que isso tire o sono dos produtores, mas acende o sinal amarelo. No último boletim do Deral, por exemplo, 2% das lavouras de soja estavam no estado de condição média. E a previsão não é das melhores: nos próximos dias a expectativa é de grandes precipitações, em diferentes regiões do estado.
Segundo o Luiz Renato Lazinski, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o começo da safra de verão 2018/19 ocorreu sob influência de um clima neutro, o que significa um tempo mais seco em setembro, quando o Paraná deu um salto no plantio, e de chuvas irregulares em outubro, quando as plantadeiras estacionaram. “Novembro continua irregular. De dezembro em diante, com a volta do El Niño, as chuvas serão mais regulares e abundantes”, explica. “O clima não vai ser o ideal, mas vai garantir uma safra cheia”, complementa.
De acordo com Marcelo Garrido, analista do Deral, ainda é cedo para afirmar se o excesso de chuva vai impactar a produtividade. “O clima atual impõe um ritmo mais lento de plantio e de desenvolvimento da planta. É completamente inverso ao que tivemos em setembro. Mas com o El Niño, teremos um clima um pouco mais favorável”, diz. O Deral estima que o Paraná vai colher 19,6 milhões de toneladas de soja neste ciclo, 3% a mais que na campanha 2017/18. A Expedição Safra estima que o estado possa atingir até 21,5 milhões de toneladas.
Preocupação
O atraso na colheita de trigo e na semeadura da oleaginosa não é a única preocupação dos produtores e técnicos que a Expedição Safra ouviu ao longo do primeiro trecho do giro técnico-jornalístico. O homem do campo também está preocupado com o manejo. “Com as chuvas, fica inviável aplicar defensivos ou fazer outros trabalhos no campo”, explica o engenheiro agrônomo Josef Pfann Filho, presidente da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas.
A falta de luminosidade e o frio também preocupam. Nesta quarta-feira (24), por exemplo, fazia 13 ºC na região Centro-Sul do estado. A falta de luminosidade, problema que também foi registrado no ano passado, principalmente nas regiões Norte e Noroeste, atrapalham o desenvolvimento da planta. Atualmente, da safra semeada, 24% estão na fase de germinação e 76% em desenvolvimento vegetativo. “É uma situação que aflige, porque pode impactar diretamente nos índices de produtividade”, diz Rodrigo Luiz Martins, da Tampa AgroConsultoria.
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