Pode-se dizer que o produtor rural Eucir Brocco conhece sua propriedade como a palma da mão, só não conhece mais do a própria plantadeira que utiliza para semear os 600 hectares da fazenda localizada em Pato Branco, região Sudoeste do Paraná. A máquina, cuja tecnologia embarcada consegue saber as condições de maior ou menor fertilidade do solo, despeja em cada cova do terreno o número ideal de sementes para aquele trecho, o que aumenta a eficiência do plantio e a economia com insumos em até 8%.
Este é o primeiro ano que Brocco experimenta fazer o plantio com taxa variável de sementes na safrinha de milho, cujo insumo é mais caro do que o da soja. “O equipamento gera um mapa de produtividade e com isso consegue fazer uma leitura cruzando dados de satélite e do solo e vai largando a semente do milho na quantidade necessária por talhão”, explica o produtor. Ele planta 150 hectares de milho e 400 ha de soja na primeira safra, 450 ha de milho safrinha e 50 ha de feijão segunda safra, além de 150 ha de trigo no inverno.
De acordo com a engenheira agrônoma Ana Paula Kowalski, da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), o produtor paranaense tem hoje à disposição um pacote um tecnológico muito bom, não só em termos de variedade mas também de informação disponível. “Se ele se cercar em todas essas frentes, fizer plantio direto de qualidade, com adubação controlada e manejo do solo e fizer na melhor época de plantio vai diminuir os problemas. Quando se investe nas tecnologias de produção e conhecimento os riscos serão menores”, avalia.
A eficiência e economia que a tecnologia traz vem em boa hora, afirma Brocco. Isso porque a região também sofreu com a estiagem do final do ano passado e início deste ano. Ele que produziu 72 sacas de soja por hectare em 2018 deve fechar esta safra com produtividade de 60 sc/ha. “Se eu conseguir fechar nisso vou dar pulos de alegria”, brinca. Na região de Pato Branco a quebra de safra estimada é de 20%.
Milho verão
O milho verão, por sua vez, também sofreu com os veranicos não só pela falta de chuvas, mas também por causa do forte calor. “Nunca tinha visto o milho estragar menos que a soja”, pontua Brocco. Na região, a produtividade média do cereal foi boa, em torno de 200 sc/ha. No âmbito da Coopertradição, que possui mais de 1,7 mil associados, entre eles Eucir Brocco, a produtividade média do milho de primeira safra girou na casa dos 180 sc/ha.
O engenheiro agrônomo, produtor e secretário de Agricultura de Pato Branco, Clodomir Ascari, explica que as lavouras mais precoces é que sofreram mais. Algumas propriedades colheram médias de 30 a 40 sc/ha. “Mas enquanto não colhermos tudo e for para dentro dos armazéns não dá para dizer ao certo qual foi a quebra. É tudo especulação”, observa. Segundo ele, a quebra em geral só não foi maior porque causa da boa adubação feita nos solos da região, com uso de calcário e gesso. A agricultura de precisão também ajudou a dar homogeneidade na produtividade das áreas.
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