A safra brasileira de grãos “precisa” ser recorde para dar conta do aumento dos custos de produção, provocado pela tabela do frete e pela alta do dólar no período anterior ao plantio, justamente quando os produtores mais gastaram com insumos e fertilizantes.
A necessidade do setor, e da economia do País, de ter mais uma safra recorde foi um dos temas abordados nesta quarta-feira, 10/10, no lançamento da 13ª Expedição Safra do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, no auditório do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), em Brasília. Mais de 20 estados brasileiros estiveram representados na solenidade de lançamento, por meio de dirigentes de instituições e empresas, públicas e privadas, ligadas à cadeia produtiva do agronegócio.
“Pelas nossas projeções, a próxima safra vai ser recorde, sim. Mas a questão é que ela precisa ser recorde, porque os preços também são recordes, os custos são recordes. Por conta de nosso momento político-econômico, a safra foi contratada a um dólar altíssimo. Os produtores compraram insumos com o dólar perto de quatro reais, então, precisaremos de uma safra excepcional para diluir este custo”, apontou o coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira.
Neste ano, o projeto ganhou o apoio estratégico do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o que deverá agregar capilaridade à expedição e inteligência setorial, por meio do apoio de centenas de profissionais da engenharia nos estados visitados.
“A Expedição faz toda uma colheita de informações essenciais para entender o futuro do agronegócio, a perspectiva de safra, as tendências tecnológicas e de plantio. O envolvimento dos nossos profissionais é fundamental para o sucesso dos dois lados, para que o agronegócio possa antever perspectivas e também para que os profissionais possam entender o que vai acontecer no futuro e atender melhor seu ato de ofício, a sua profissão”, sublinhou o presidente do Confea, engenheiro Joel Kruger.
A Expedição Safra sai a campo já a partir do dia 22 de outubro, estendendo-se até abril do ano que vem. No período, além de visitas a produtores, técnicos, cooperativas e agroindústrias, haverá seminários regionais nos Creas para debater os desafios da cadeia produtiva, dentro e fora da porteira.
Segundo analistas de mercado, a safra brasileira de grãos 2018/19 é uma das “mais perigosas” para os agricultores nos últimos anos por causa do aumento dos custos de produção acima da inflação, oscilações no câmbio e instabilidade nas cotações internacionais.
O cenário lembra o que aconteceu no ciclo 2002/03, quando o nervosismo do mercado com as incertezas eleitorais fez disparar o dólar justamente na época de compra dos insumos agrícolas, mas, quando chegou a colheita, o quadro já havia se invertido, com recuo da moeda americana e remuneração mais baixa para os produtores. “Naquela época houve grande prejuízos para o produtor. Não quer dizer que isso vá se repetir, mas a questão da eleição é novamente parecida. Muitos produtores compraram insumos com dólar perto de 3,90; se houver um recuo exagerado, digamos que para 3,50, o impacto pode ser grande”, diz o analista de mercados agrícolas do Centro de Pesquisas Econômicas Aplicadas (CEPEA/Esalq), Mauro Osaki.
Na frente climática, a previsão do fenômeno El Nino, no início do próximo ano, deve trazer problemas na região Norte e Nordeste do País, com maior incidência de veranicos, enquanto, no Centro-Sul, incluindo Argentina, Paraguai e Uruguai, a previsão é de bastante chuva. “Essa é a tendência: chuvas mais abundantes e bem distribuídas ao Sul, enquanto pode haver problemas na região ao norte do Mato Grosso, no Tocantins e no Matopiba”, sublinha o meteorologista Luiz Renato Lazinski.
APOIO
A Expedição Safra 2018/19 é apresentada pelo Sistema Confea/Crea e Mutua. Com patrocínios da Caixa Econômica Federal, Sementes e Fertilizantes Castrolanda, Agrotec, Alta, Solaris e Sociedade Rural do Paraná. O apoio logístico é do Groupe Renault.
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