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Fronteira agrícola, Matopiba ainda poderá dobrar a produção de grãos

Produtor Bruno Rickli Freire fala à equipe da Expedição Safra durante a colheita do ano passado, no Tocantins | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Produtor Bruno Rickli Freire fala à equipe da Expedição Safra durante a colheita do ano passado, no Tocantins (Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo)

Mesmo que quase tudo dê errado, a produção de grãos dos estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) deve crescer, no mínimo, 42% nos próximos dez anos. Mas se a região fizer a lição de casa, ou seja, investir em regularização de áreas, infraestrutura e tecnologia, o crescimento poderá ser de 82%, saltando de 17,5 milhões de toneladas para 32 milhões, até 2029.

A projeção desses cenários foi apresentada pelo coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira, durante o seminário do projeto técnico-jornalístico que ocorreu nesta quinta-feira (21) em Bom Jesus, no Piauí, um dos estados com maior potencial para aumentar a produção de grão no Matopiba (como é chamada a confluência das áreas produtivas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

O evento promovido pela Gazeta do Povo e apresentado pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (Creas) e Associação dos Produtores de Soja e Milho do Piauí (Aprosoja-PI), reuniu mais de 200 pessoas para debater as tendências de produção, mercado de tecnologia e valorização profissional no agronegócio.

De acordo com Ferreira, a perspectiva de crescimento da produção do Matopiba – considerada a nova fronteira agrícola do Brasil – se baseia no próprio histórico da região, que aumentou o volume de grãos produzidos em 96% na soja na última década e 49% no milho no mesmo período. Enquanto isso, o Brasil cresceu 69% na soja e 60% no milho nos últimos 10 anos.

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No entanto, o cenário pode melhorar ainda mais, a depender de questões conjunturais. “É preciso ter mercado interno, infraestrutura e evoluir em tecnologia. O Matopiba tem áreas, precisa enfrentar a questão da regularização fundiária e ambiental, mas principalmente precisa de infraestrutura, com portos, estradas e ferrovias”, observou Ferreira. “Como vou ser competitivo nesse Brasil que está diminuindo as distâncias entre a produção e o porto?”, acrescentou.

Quem abriu o seminário, dando boas-vindas aos convidados, foi o engenheiro agrônomo Raimundo Ulisses de Oliveira Filho, presidente do Crea-PI. Além dele, falaram o presidente do Instituto de Terras do Piauí (Interpi), Herbert Buenos Aires, que explicou sobre a nova lei de regularização fundiária do estado, e o engenheiro agrônomo Antônio Carlos Moura, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar-PI), que palestrou sobre licenciamento ambiental.

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Buenos Aires disse que a prioridade do governo do Piauí é acelerar os trâmites burocráticos para a regularização das áreas para a agricultura, que é um dos maiores entraves para o desenvolvimento do estado. Para isso, afirmou ele, será preciso encurtar processos e modernizar a estrutura do próprio Instituto de Terras. “Até 2017, os requerimentos de regularização eram feitos no papel, de forma manual”, explicou. Também faltavam técnicos especializados, como estatísticos, o que impossibilitava ao órgão ter um melhor controle dos pedidos.

“Hoje o processo é mais simplificado, mas ainda assim não é o suficiente”, admite Buenos Aires. Para ele, é preciso deixar de lado o processo de regularização de forma pontual e investir em uma maneira de fazê-lo no atacado, com o auxílio dos municípios. Desde 2015, dos 418 pedidos de regularização protocolados, apenas 34 foram concluídos, e nem todos foram concedidos.

Os próximos seminários da Expedição Safrão estão marcados para Rio Verde (GO) no dia 28 de março, na Casa da Engenharia de Rio Verde, e para Londrina (PR) durante a ExpoLondrina (no Parque de Exposições Governador Ney Braga) em 5 de abril. Ambos os eventos começam às 8h30. Mais informações no site da Expedição Safra.

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