Everaldo Jorge dos Reis era técnico agrícola da Copasul, em Naviraí. Há 18 anos, em uma visita, ele recebeu a proposta: tocar as lavouras das terras dos irmãos Nelson e Edgar Tutida por meio de arrendamento. Enquanto isso, a família de descendentes de japoneses seguiria com a pecuária.
Esse sistema, conhecido como integração lavoura-pecuária, deu mais do que certo na terra dos Tutida: é exemplo para todo o estado do Mato Grosso do Sul. Funciona assim: 25% da área é destinada para pastagem da boiada. Após três anos, o que era pasto acaba se transformando em soja, literalmente. O solo utilizado para a pastagem fica cheio de nutrientes ideais para o plantio do grão.
Resultado: a produtividade é muito superior à média nacional, de 55 sacas por hectare. “Já cheguei a colher talhão com 90 sacas por hectare”, conta Everaldo. Em uma média nas fazendas que praticam o sistema lavoura-pecuária na região, geralmente o resultado é de 75 sacas por hectare.
Reinaldo revela que, apesar de as 90 sacas por hectare terem sido um número extraordinário, geralmente a produtividade é altíssima no primeiro ano, alta no segundo e muito boa no terceiro. É quando chega o momento de a soja virar carne, pois o solo novamente está nas condições ideais para o crescimento do pasto. E não é qualquer pasto, como explica Edgar Tutida:
“A produtividade gira em torno de sete cabeças por hectare no verão e três no inverno, o que dá uma média de 5 por hectare ao ano. Enquanto a média brasileira gira em 120 kg de carne por hectare, o que é uma cabeça e meia, a nossa ultrapassa 1000 kg”.
O processo é altamente científico. “A vantagem é a qualidade do solo, que ajuda a eliminar pragas e doenças”, afirma o técnico agrícola, que divide as atenções entre a terra arrendada e o cargo de diretor secretário da Copasul.
A ideia veio com pesquisadores da Embrapa e da Copasul, segundo Tudida. “É um método autossustentável. Com os altos índices de matéria orgânica [no solo], acontece a manutenção da umidade nos veranicos. Pode ficar sem chover 15, 20 dias que a matéria continua”, afirma o proprietário da terra.
Cada um na sua
Enquanto os Tutida têm uma equipe destinada a cuidar do gado, Everaldo tem seus próprios funcionários: até três fazendo o trabalho de campo, além de uma cozinheira e uma auxiliar administrativa que assume as funções de secretária.
“Sigo um modelo estilo americano. Além do salário, eles ganham bônus por rentabilidade”, explica. Outra estratégia para administrar os recursos é buscar equipamentos terceirizados para realizar a colheita.
Não são apenas os funcionários que seguem motivados. Edgar Tutida vive em Londrina (PR), a mais de 400 km de Naviraí, e mesmo assim fica tranquilo devido à relação de confiança: “Tem que ser uma parceria. A gente ganha e perde juntos. Muitas vezes as parcerias podem não dar certo porque um quer ganhar mais que o outro. E a realidade não pode ser essa”.
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