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Expedição Safra

Onde o Paraná influencia São Paulo. E não o contrário

Fábio Sieber e Alex Oliveira avaliam crescimento da soja em Itaberá (SP). | Fernando Zequinão/Gazeta  do Povo
Fábio Sieber e Alex Oliveira avaliam crescimento da soja em Itaberá (SP). (Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo)

Na divisa do Norte do Paraná com São Paulo, quem influencia mais o outro estado? Se pensar em agricultura, sem dúvidas o estado paranaense leva vantagem quando você ultrapassa Sengés no Paraná e chega em Itararé, no Sul paulista.

Ali, uma das maiores cooperativas paranaenses possui um raio de atuação de 150 km, aproximadamente. Por lá, a Castrolanda é um ‘ponto de apoio’ aos produtores paulistas, que por aquelas bandas já completaram praticamente 100% do plantio da soja nos 34 mil hectares atendidos pela cooperativa (24 mil de soja, 2 mil de feijão e 1,4 de milho). E há um fator que une paranaenses e paulistas neste sentido:

“O produtor paulista é muito receptivo com a tecnologia”, afirma Fábio Sieber, engenheiro agrônomo da Castrolanda na unidade de beneficiamento de grãos de Itaberá (SP).

Ele garante que a oportunidade que a cooperativa traz com sementes geneticamente modificadas de soja e assistência técnica diferenciada atraem o interesse dos produtores na região. “O produtor só precisa de preocupar com a fazenda para dentro da porteira”, diz Sieber.

Gerente de uma fazenda de 425 hectares, Alex da Silva Oliveira fala com propriedade em nome do patrão José Eduardo Rodrigues. A safra passada fechou bem acima da média brasileira (de 55 sacas por hectare de soja): Oliveira e Rodrigues conseguiram ficar em 70 sacas por hectare. O segredo? Alex explica:

“O acompanhamento do solo com agricultura de precisão facilita. Temos sorte de ter junto a Fundação ABC [entidade de pesquisa mantida com apoio da Castrolanda] que faz análises para sabermos o que o solo precisa para produzir melhor”.

Além da influência paranaense

Mas há, sim, outras cooperativas paulistas que atuam além das “fronteiras paranaenses em São Paulo”. Na região de Cândido Mota, situada no Médio Vale do Paranapanema, área de atuação da Coopermota, foram cultivados cerca de 23 mil hectares de soja e praticamente nada de milho. Para o agrônomo José Gonçalves Massud, o plantio foi satisfatório. Os primeiros cultivos aconteceram ainda no início de setembro e seguiram até o fim de outubro.

“A semeadura da safra ocorreu dentro da menor janela de plantio e de forma mais rápida em relação ao ano anterior. A grande maioria dos produtores investiu mais em tecnologia nesta safra”, comenta. Um exemplo disso foi a adoção de investimentos em produtos biológicos para o tratamento de sementes. A expectativa é de aumento na produtividade em relação à safra passada, que foi afetada por más condições climáticas em dezembro e janeiro.

Uma das propriedades que realiza negócios com a Holambra, cooperativa que atua nas regiões de Avaré e Paranapanema, é a Agropecuária Palmeira da Serra, em Pratânia, que assim como os vizinhos do Sul paulista aposta alto na tecnologia. A fazenda possui um total de 4.200 hectares, entre negócios diversificados que incluem extração de areia, áreas arrendadas para cana-de-açúcar e resina de pinus, por exemplo. E, claro, não poderia faltar a soja:

“Agora no verão temos uma área de 350 hectares para a soja. Investimos em três pivôs (áreas de irrigação”, afirma Pedro Santini Adrien, um dos sócios da propriedade. O terceiro pivô ainda depende alguns detalhes para entrar em funcionamento, mas apenas com os demais a produtividade é alta. Na última safra, a média foi de 78 sacas por hectare.

Recursos como pivô e análise de solo auxiliam inclusive a driblar a diminuição da rotatividade do solo. “O recomendável agronômico seria que as áreas tivessem um terço de milho [cultivado no verão] para rotação de culturas, pensando na produtividade do solo”, explica Sieber. Apesar disso economicamente o preço do milho, em baixa nos últimos anos, acaba ficando restrito a 5% na área paulista da Castrolanda. “Mesmo assim a produtividade continua alta. E os produtores precisam pensar na rentabilidade econômica”, justifica Júlio Antunes, também agrônomo da cooperativa.

Apesar de o milho verão não estar ‘a toda’ em nenhuma das regiões paulistas, no inverno há áreas produtivas do grão e também de trigo, o que colabora para a melhoria do solo – ainda que esse também não seja um dos cultivos mais rentáveis. Durante o inverno, na Agropecuária Palmeira da Serra, há produção de sorgo e feijão, na busca de alguma rentabilidade antes da entrada da soja.

Como o pivô ajuda, e o trabalho agronômico também, o resultado do feijão foi alto: o grão foi classificado nas vendas como de alta qualidade na última colheita. A área colhida, na última semana, recebeu uma das últimas semeaduras da soja na região de Avaré.

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