A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem viagem agendada à China no início de maio. Sua missão: “manter o mercado com parceiros confiáveis, que já compram do Brasil há muito tempo”.
É essencial, no entanto, não descuidar da abertura de novos mercados. “Temos aí a Indonésia e o Vietnã, toda aquela parte da Ásia em que há muita gente e onde temos espaço para crescer. No ano passado, o Brasil surfou na venda de um plus para a China. Se um acordo entre EUA e China realmente se concretizar, esse mercado pode recuar um pouco. Então, nosso problema hoje é continuar prospectando e abrindo mais mercados para a safra brasileira de soja”, diz. No ano passado, em função da guerra de tarifas entre EUA e China, o Brasil embarcou um recorde de 69 milhões de toneladas de soja para o país asiático (o que representa 84% do total de exportações da oleaginosa).
Em entrevista à equipe da Expedição Safra da Gazeta do Povo, em seu gabinete, em Brasília, Tereza Cristina apontou que a disseminação da peste suína africana, na China, abre uma “janela de oportunidade” para o Brasil. “O problema vem dizimando o rebanho chinês e nós podemos fazer uma programação para suprir esse mercado de carne, de suínos e de frango, num primeiro momento”, observou.
Entrevistada pelos jornalistas João Maroni e Giovani Ferreira, Tereza Cristina disse que é preciso entender que, com o tamanho e a expressão do Brasil, não dá para pensar só em exportar, sem contrapartidas. “Não vamos só mandar daqui para lá. Tem que ter troca, tem que colocar na mesa os produtos que temos para mandar e receber”.
Quanto ao plano safra em um governo liberal, Tereza Cristina destacou que defende, no mínimo, a manutenção do volume de recursos do ano passado. “Disso a gente não arreda o pé, porque já foi insuficiente. Ainda no governo anterior, o dinheiro já tinha acabado. Se conseguirmos manter os 220 bilhões do ano passado, mais a inflação, acho que já dá para conversar”.
Sem falsas expectativas
Em relação à taxa de juros, “pelas condições do caixa do Tesouro, não adianta a gente criar uma falsa expectativa”. “As taxas de juros têm de ser as mesmas. Precisamos sim ter mais bancos emprestando dinheiro para a agricultura, mas a gente não pode achar que, de repente, uma taxa de 11% é razoável”, disse. Nesse sentido, o governo quer elevar para R$ 1 bilhão os recursos alocados para subvenção ao seguro rural. “Essa atividade (agricultura) com seguro tem muito pouco risco. Se tem menor risco, temos que brigar por abundância de crédito e uma taxa de juro compatível com a atividade agrícola”.
Na entrevista, Tereza Cristina disse que conversa muito com “o pessoal da Economia” e destacou que o ministro Paulo Guedes “é um homem inteligente, que sabe o que a agricultura faz”. “Temos diferenças comparativas prejudiciais ao agronegócio brasileiro, não podemos nos pôr no mesmo patamar de igualdade com outras economias, que são muito mais liberais do que a nossa”. Como exemplo, a ministra citou os EUA, principal competidor do agronegócio brasileiro, em que os grãos são movimentados em barcaças pelo rio Mississipi. “O frete é no mínimo 50% menor do que o nosso. Lá eles têm ferrovia, aqui não, e ainda temos estradas sem asfaltar e nossos portos não estão totalmente preparados”.
Ainda em relação à infraestrutura, a urgência está na última fronteira agrícola, no Norte e Nordeste do País. “Acho que o governo tem obrigação de olhar com olhar diferenciado, em rodovia, ferrovia e portos para a região do Matopiba”.
Confira, em vídeo, a íntegra da entrevista, concedida nesta semana (26/03/2019).
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