O Brasil tem todas as condições para atingir o recorde histórico na produção de soja no ciclo 2017/18, acima das 115 milhões de toneladas. A desconfiança inicial com relação ao atraso no plantio e ao clima deu espaço ao otimismo com as produtividades médias obtidas até o momento. No entanto, se algo pudesse dar errado nesta safra, seria no Rio Grande do Sul, estado que sofreu (e ainda sofre) uma forte estiagem, a mesma que está quebrando a safra argentina e uruguaia de grãos.
Com pouco mais de 10% da área colhida, o terceiro maior produtor de grãos do país está surpreendendo. Sim, a seca que atinge a região Sul do Estado vai romper um ciclo de cinco anos consecutivos de safra recorde de soja. No entanto, entidades, consultorias e mercados preveem a segunda melhor colheita da história: 17,1 milhões de toneladas de soja, 7% abaixo do registrado no ciclo passado. No milho, a projeção é de safra de 4,6 milhões de toneladas - volume 2,2% melhor do que o estimado durante o plantio, mas 23% menor que no ano passado.
Segundo o gerente regional da C.Vale em Cruz Alta, Luciano Trombetta, as primeiras áreas colhidas, principalmente nas regiões Norte e Noroeste do Estado, estão apresentando bons índices de produtividade. “São produtividades expressivas”, afirma. Ele relata que algumas lavouras da região Sul vão ter rendimentos menores, mas não há comparação com os países vizinhos. “Os veranicos provocaram problemas nas lavouras, mas nada comparado com a Argentina, por exemplo. As áreas mais afetadas, são aquelas abertas recentemente”, explica.
O produtor Marcelo Anversa, da cidade de Júlio de Castilhos, na região Central do Rio Grande do Sul, está gostando da colheita. Mesmo que ano passado tenha conseguido um rendimento médio de 72 sacas por hectare, por enquanto, as 65 sacas por hectare deste ciclo o deixa satisfeito. “É uma boa produtividade, está dentro da média. Acredito que todos na região estejam colhendo dentro desta janela. O ano passado foi excepcional, não dá para comparar, o clima foi perfeito. Mas este ano não está ruim”, diz. Anversa cultiva 560 hectares de oleaginosa.
Segundo a Emater do Rio Grande do Sul, o volume de chuva na região Norte, que concentra a maior parte da produção agrícola gaúcha, mais do que compensou a estiagem no Sul, onde falta umidade no solo. “Na região sob abrangência de Bagé, a produção de soja esperada agora é de 1,6 milhão de toneladas, 6,6% a menos do que os primeiros números apontavam. Nos municípios subordinados ao escritório regional de Pelotas, a perda é ainda maior: 18%. Na área de Porto Alegre, a redução é de 11,9%”, diz o relatório do órgão divulgado nesta semana. Porém, enquanto nestas regiões a produtividade média é de 2,5 mil kg por hectare, nas regiões mais produtivas o número sobe para 3,1 mil kg.
Não é só “adeus, Disney”: como o dólar alto afeta sua vida e a economia
Senado aprova limitação do salário mínimo e do BPC e encaminha para sanção de Lula
PEC de deputados que corta o triplo de gastos ainda busca assinaturas para tramitar
Lula grava mensagem ao mercado financeiro e diz que está convicto com estabilidade econômica