O ditado ‘Deus ajuda quem cedo madruga’ não é um mantra do suinocultor Rogério Gobbi, mas serve muito bem para descrever o seu estilo de trabalho. Em Rondinha, uma pequena cidade no Noroeste do Rio Grande Sul, todos os dias, o produtor pula da cama às 4h da madrugada para cuidar da Granja Gobbi, empresa que atualmente comercializa 6 mil animais por semana (2,5 mil de produção própria e o restante de granjas parceiras).
Além de Rogério, os irmãos Mauro e Alexandre trabalham na empresa fundada há 52 anos por Nelson Luiz Gobbi, pai dos três. O irmão do patriarca, Alcides Gobbi também é sócio do empreendimento. Nelson Gobbi faleceu em 1992. O relacionamento com a suinocultura, conta Rogério Gobbi, começou na década de 1960, quando a família apenas transportava os animais. “Com o tempo, vimos que seria financeiramente interessante entrar neste mercado”, conta. E o resultado foi surpreendente.
Para garantir o volume de fornecimento e diminuir os custos de produção, a Granja Gobbi, que é independente, apostou no sistema de integração e adotou a verticalização da produção, que ao contrário do ciclo completo, não é preciso fazer todas as etapas da criação do suíno (berçário, creche, recria e terminação) no mesmo espaço. Atualmente, a empresa tem 12 mil matrizes espalhadas por 13 Unidades Produtoras de Leitões (UPL’s) – uma própria, com 500 matrizes; e outras 12 em comodato. A engorda é feita por produtores da região. A empresa, que tem uma fábrica de rações, fornece o produto e dá assistência técnica e veterinária aos suinocultores integrados.
Dona dos caminhões, o suíno é transportado e vendido em diferentes frigoríficos do Paraná e São Paulo, onde estão concentrados 90% do mercado da Granja Gobbi. “O nosso sistema de parceria garante preços melhores tanto na hora de comprar insumos, como ração e remédios, como na hora de vender os produtos. Trabalhamos com quatro, cinco frigoríficos apenas. O que garante mercado e renda. Mas diferente de um sistema de integração tradicional, nossa vantagem está na agilidade em resolver qualquer problema e no fato de conhecermos todos os parceiros. É uma maneira de aumentar a competitividade”, explica.
Planejamento
Segundo Gobbi, o segredo do sucesso está no planejamento. Para citar um exemplo, ele usa a recente crise do preço do milho. “Não fomos afetados porque fizemos estoque para 120 dias, não compramos milho a R$ 60 reais a saca. Os produtores precisam trabalhar com um estoque regulador de grãos próprio”, afirma.
A suinocultura, na opinião dele, é uma atividade que vive de ciclos, mudanças e desafios constantes. E que o produtor precisa estar muito bem preparado, não desistir no primeiro momento ruim. “Tem que ter planejamento para enfrentar os momentos de baixa. Já vieram muitos e outros vão vir. Mas a atividade, no fim, se paga. Precisamos apostar na eficiência, quantidade não vale nada se o produtor não for eficiente naquilo que ele se propõe. O produtor independente não vai deixar de existir, mas ele vai precisa aprender a trabalhar com nichos de mercado. Há coisas que o grande consegue fazer e outras, não. E o pequeno precisa saber qual é o seu espaço”, diz.
Pai de três filhos, Nelson, Matheus e Caetano. Rogério conta que o sonho é ver os meninos levar o nome da família para o futuro. “Nós que vivemos a suinocultura, que tivemos a atividade marcando toda nossa vida, queremos transferir isso para gente nova, com força e energia para ampliar os negócios, principalmente para os nossos filhos. Sempre acreditei no trabalho, e meus filhos sempre me ajudaram aqui. A sucessão é um desafio em qualquer empresa, mas acho que com o trabalho, eu pude ensinar valores na prática, como respeito e dignidade”.