Desde terça-feira no estado, a Expedição Suinocultura está percorrendo os principais polos de produção de Minas Gerais, estado que ocupa a quarta colocação no ranking de produção e exportação da proteína. Na terça-feira (5), no Triângulo Mineiro, nas cidades Patos de Minas e Patrocínio, a equipe esteve na DB, uma das maiores empresas de genética suína do país.
Proprietária de 9,1 mil animais só para confecção de matrizes e machos reprodutores, a empresa do suinocultor Décio Bruxel transformou a atividade nacional. “Nós começamos em 1997. Existia apenas uma empresa de genética no país, naquela época. E achamos que seria saudável ter uma segunda opção. Isso fez com que a atividade como um todo evoluísse. Carregamos suinocultura no sangue. É claro que pensamos em lucro, mas a responsabilidade que temos com o setor é muito maior”, explica Bruxel.
Em Patos de Minas e em Pará Minas, cidade localizada a 70 quilômetros da capital, a equipe também conheceu os frigoríficos Suinco e Adeel Alimentos. Agroindústrias que foram criadas nos anos de 1990 e 2000 por produtores independentes, como uma forma de escoar o próprio excedente de produção.
Diferente do modelo cooperativista do Paraná, em que a verticalização é adotada nas granjas. Em Minas Gerais, os produtores têm ciclo completo nas propriedades. “Com a necessidade de eliminar os atravessadores e não correr o risco de ter excedente nas granjas, há uma década, um grupo de produtores da região de Patos de Minas resolveu ter sua própria linha de abate. Assim foi formada a Suinco”, explica Weber Vaz de Melo, diretor-geral de operações da Suinco.
Nestas empresas, os suinocultores têm cotas de entrega. A remuneração é feita com base na quantidade de animais colocados na linha de abate. Segundo Weber Vaz, esse modelo foi criado para evitar oscilações do mercado, garantindo compradores. “Não fornecemos ração, nem assistência técnica, mas garantimos a compra dos animais, evitando um excedente na granja e no mercado, o que derrubaria os preços”, afirma.
Com pequenas escalas, os frigoríficos sabem que não é possível concorrer com as grandes empresas já que o volume de abate é pequeno. Na Adeel, em Pará de Minas, por exemplo, a empresa trabalha com 400 animais por dia. “Não tenho condições de concorrer com os gigantes. Por isso, adotamos uma linha mais específica de produtos, que agregam mais valor, como a costela suína defuma e o bacon defumado”, diz Gabriel Pallotti, um dos proprietários do frigorífico.
Atualmente a empresa atua com 50% da produção no próprio mercado mineiro. E o restante com São Paulo, Rio de Janeiro e região Nordeste.
Otimismo
Passada a crise dos grãos em 2016, quando ao preço da saca de milho bateu na casa dos R$ 50, os produtores estão mais otimistas. Como 90% da produção de suínos em Minas Gerais é independente, o estado tem a melhor bolsa de preços do país. Toda semana é feita uma rodada de negociação entre produtores e frigoríficos para determinar o preço do quilo do animal. Nesta semana, 1 kg está cotado em R$ 4,20.
“Eu não posso reclamar da suinocultura, não. Estamos vivendo um momento muito bom de mercado e de produção aqui em Minas Gerais. Sem excessos. Todo mundo está contente”, diz Valder Caixeta, produtor e presidente da Associação dos Suinocultores do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Ele tem 2,5 mil matrizes em Patos de Minas.
Em Pará de Minas, a situação também não é diferente. O produtor Rodrigo Abreu Viana, que tem 1,2 mil matrizes na propriedade, trabalha apenas no mercado spot. Sem compradores fixos. “A demanda está muito boa. O preço está bom, o custo de produção está baixo, não dá para reclamar”.
Expedição Suinocultura
A Expedição Suinocultura é uma iniciativa do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo, que detém o know-how e a capilaridade da Expedição Safra, realizada há dez temporadas. O projeto consiste em um diagnóstico técnico-jornalístico da cadeia da carne suína no Brasil com roteiros pelos seis principais estados produtores: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Em sua segunda edição, a Expedição Suinocultura conta com o apoio técnico, financeiro e logístico da MSD Saúde Animal, da Boehringer Ingelheim, da Frimesa, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e do Grupo Renault.
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