No ano passado, a carne suína respondeu por 42,9% de toda a proteína animal consumida no mundo, contra 34,6% do frango e 22,5% da carne bovina. Ao todo, 117 milhões de toneladas foram produzidos. Deste volume, o Brasil participou com 3,75 milhões de toneladas. Embora pareça pouco, atualmente, o país é o quarto maior produtor e exportador mundial no segmento, atrás de China, União Europeia e Estados Unidos. E vai continuar crescendo.
De acordo com o coordenador do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, Giovani Ferreira, o Brasil tem potencial para subir uma colocação no ranking, mas precisa fazer a lição de casa. “Temos um desafio grande pela frente. Há anos, o Brasil está patinando para alcançar 4 milhões de toneladas. Mas temos capacidade. A transformação vai acontecer com a fidelização de novos clientes, com o investimento em logística e com o aumento do consumo interno, que vai acontecer na medida em que velhos mitos forem derrubados”, diz. Hoje, cada brasileiro come, em média, 14,7 kg de carne suína por ano, volume que fica bem abaixo dos índices da China (40 kg/hab/ano) e da Europa (30 kg/hab/ano).
Expedição Suinocultura 2018
Com o tema “Carne mais consumida no mundo desafia o Brasil”, a Expedição Suinocultura está em seu terceiro ano. A equipe de técnicos e jornalistas vai rodar 15 mil quilômetros pelos seis principais estados produtores: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. O lançamento da edição 2018 ocorreu nesta quarta-feira (26), no terminal da Brado em Rondonópolis, no Sul de Mato Grosso.
Durante a apresentação, Ferreira mostrou que a proteína enfrentou diferentes solavancos de mercado, principalmente com a exportação. “Com o embargo russo, em novembro do ano passado, o Brasil perdeu 40% do mercado externo. É muita coisa. Houve excesso de oferta no país, o que derrubou os preços no mercado interno”, explica. No entanto, ele ressalta a capacidade do Brasil em encontrar alternativas. “As importações chinesas da carne brasileira cresceram 200% no período. E não foi só por causa da peste suína africana, doença que atinge as granjas chinesas, mas por causa da competência do país. Agora, o grande desafio é fidelizar esse mercado.”
Sobre a Rússia, o coordenador da Expedição Suinocultura frisou que o gigante do leste europeu aumentou significativamente a produção local nos últimos cinco anos. “Eles estão cada vez mais autossuficientes. E também existe uma questão comercial. A Rússia produz 80 milhões de toneladas de trigo. E o Brasil importa 6 milhões de toneladas. Eles querem colocar o produto deles no nosso mercado. Faz parte do comércio internacional globalizado. Mas eles devem reabrir o mercado em breve”, diz.
Produção colossal
Se fosse um país, Mato Grosso seria uma potência mundial no setor de grãos e proteína animal. Maior produtor de soja, milho e carne bovina do Brasil, o estado cada vez mais investe na suinocultura. De acordo com dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), entre 1997 e 2017, o estado passou de 7 mil toneladas/ano para 214 mil t/ano. “Foi um crescimento excepcional, proporcionado, principalmente, pela produção de grãos, mais especificamente o milho”, conta Francisco Olavo Pugliesi de Castro, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).
Segundo ele, as granjas mato-grossenses registraram, em 2017, o recorde de 2,89 milhões de cabeças. “Atualmente, o estado tem capacidade para abater 10 mil animais por dia. Mas estamos trabalhando com 75% desta capacidade”, afirma. Para os próximos anos, reforça Castro, a expectativa é dobrar a produção. “Até 2028, espera-se um crescimento de 67,8% na produção de suínos, para 376,7 mil toneladas. E vamos conseguir. Estamos preparados para isso”.
Logística
A logística foi abordada como um dos maiores entraves para o escoamento da produção do Mato Grosso. Atualmente, pouco mais de 20% da produção local fica no estado. O restante é enviado para outros estados ou para fora do país. “Estamos distantes dos portos”, salienta o vice-presidente da Famato.
Inaugurado há cinco anos, o terminal da Brado está em um local estratégico para esse plano de expansão da atividade no estado. Especialista na movimentação de contêineres, a unidade é referência em operações multimodais. De Rondonópolis, os trens vão para Sumaré e Santos, em São Paulo. Por mês, são movimentados 2,5 mil contêineres. “Rondonópolis ocupa posição estratégica para o abastecimento do mercado interno e externo”, diz Marcelo Saraiva, diretor Comercial e de Operações da Brado. “Cada produto que passa pelo local é acondicionado em contêineres customizados de acordo com as necessidades do cliente”, acrescenta.
Para a suinocultura, o transporte é realizado através de contêineres reefer (congelados) tanto para o mercado interno quanto para o externo. “Estamos ansiosos com essa expansão da atividade e vamos contribuir para levar a carne suína daqui para outros mercados”, completa Carlos Pelc, gerente executivo de cargas reefer da Brado.
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