Trabalhar com um prejuízo de até R$ 1,00 por quilo de suíno. Pouco? E se, no total de um ano, a conta no vermelho passar de R$ 155 milhões?
Esse era o cenário que mais temiam os suinocultores de Goiás. O estado responde por 4% da produção brasileira de carne suína – estimada em 3,75 milhões de toneladas - e ocupa a sétima colocação no ranking nacional. E era essa a perspectiva que os produtores goianos tinham no auge da crise provocada pela disparada do preço do milho, quando a saca de 60 kg do cereal bateu em R$ 35 e os animais eram negociados a R$ 2,80/kg.
Agora, ao menos, a expectativa é de recuperação, segundo Iuri Pinheiro, presidente da Comissão de Suinocultura da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG). Confira a entrevista com o especialista.
Agronegócio Gazeta do Povo: Como o preço do milho tem impactado a suinocultura em Goiás?
Iuri Pinheiro: O preço do milho já vem alto desde o primeiro semestre de 2018, e ele não baixou com a colheita da safrinha, o patamar ainda está elevado, o custo de produção do suíno ainda é alto. As margens agora estão mínimas – mas não estão negativas, pelo menos – porque o preço do suíno subiu um pouco nas últimas semanas, mas até o início do mês passado o produtor estava operando no vermelho, justamente por causa do baixo preço de venda da carne – e do alto custo de produção, relacionado ao milho e farelo de soja. O milho aqui em Goiás está girando em torno de R$ 31 e R$ 33 conforme a região.
AgroGP: E como fica o preço do suíno, em meio ao consumo interno baixo no Brasil, e com as exportações ainda patinando por causa da Rússia?
IP: No ano passado, a Rússia representou praticamente 40% das exportações do Brasil, mas nos últimos meses o país tem recuperado os volumes de exportação em relação aos mesmos períodos de 2017, em função de outros mercados que se abriram e do aumento de embarques para alguns países, como a China, e alguns do Mercosul. Embora a gente não tenha retomado o mercado russo, a queda acumulada das exportações nesse ano não foi tão grande quanto se esperava. Agora, com essa retomada das exportações, espera-se que 2018 termine com total similar ao do ano de 2017. O preço do suíno tem recuperado nas últimas semanas, pela retomada das exportações e também do consumo interno, mas a gente espera que ele aumente até o fim do ano, de novembro para frente, por causa dos festejos. A demanda por carne suína é bem maior e a gente espera que os valores de venda do suíno aumentem consideravelmente já no final desse mês.
AgroGP: Goiás já tem consumo maior do que em outros estados, girando em torno de 20 kg/habitante/ano. Como vocês conseguiram esse ganho em relação à média nacional?
IP: Estima-se que o volume de consumo de Goiás seja maior que a média nacional, que gira em torno de 15 kg. O motivo é basicamente o hábito alimentar do goiano, que é muito similar ao do mineiro. A carne suína é muito apreciada aqui, não existe tanto preconceito como em outras regiões, especialmente no Nordeste do Brasil. Realmente, o hábito alimentar contribui para o consumo elevado em relação à média nacional.
Explosões em Brasília tem força jurídica para enterrar o PL da Anistia?
Decisão do STF que flexibiliza estabilidade de servidores adianta reforma administrativa
Lula enfrenta impasses na cúpula do G20 ao tentar restaurar sua imagem externa
Xingamento de Janja rouba holofotes da “agenda positiva” de Lula; ouça o podcast