Vista externa do novo Centro de Inovação Vibra, em Montenegro (RS)| Foto: Marcus Berthold/Vibra

Se por um lado a Operação Trapaça da Polícia Federal - segunda etapa da Operação Carne Fraca -, em março, atingiu em cheio as exportações de frango BRF, um concorrente direto com atuação direta no Paraná saiu ganhando com o caso.

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Terceira empresa privada do segmento (sem considerar cooperativas), o Grupo Vibra ganhou parte do mercado deixado pela gigante multinacional e por outros frigoríficos. Somente o Paraná teve oito frigoríficos de frango embargados pela União Europeia, sendo três da BRF.

“O estado sempre foi um dos focos da operação [Carne Fraca]. Mas em todo o período, desde o ano passado, não tivemos problemas e nossas exportações não tiveram nenhuma inconformidade”, afirma Gerson Luis Müller, diretor superintendente da Vibra, que tem duas unidades no Paraná - uma em Pato Branco e outra em Itapejara do Oeste, além da unidade de Sete Lagoas (MG).

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As unidades paranaenses respondem por mais de dois terços dos mais de 500 mil abates diários do grupo, que foca em 50% o abastecimento ao mercado interno e em 50% para o exterior.

Gerson Luis Müller, diretor superintendente da Vibra (à direita) ao lado de Flávio Rogério Wallauer, diretor Comercial e Marketing da Vibra  

O executivo confessa que achou a fiscalização realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) durante o ano passado um pouco exagerada nos frigoríficos, mas que a empresa sempre foi capaz de garantir a biossegurança necessária. “Eu nunca precisei forjar laudos, já que tenho certeza que meus produtos estão a salvo”, disse o superintendente. Por outro lado, a BRF está sendo investigada por essa prática.

Nos últimos meses, as exportações aumentaram 15%, refletindo o crescimento anual da produção. Os abates nos três frigoríficos da empresa saltaram de 470 mil frangos por dia em 2016 para 500 mil em 2017. Como resultado, a receita líquida cresceu 4,8% em 2017, para R$ 1,3 bilhão. Neste ano, a meta diária é de 520 mil frangos. Juntas, a capacidade total das unidades é de 700 mil animais.

Centro de Inovação

Para manter esse crescimento anual, a empresa mira clientes que buscam produtos diferenciados, explica o diretor comercial e de marketing da empresa Flávio Rogério Wallauer, diretor Comercial e Marketing da Vibra.

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Para reforçar essas ‘invenções’, a empresa está investindo pesado. Nesta semana, foi inaugurado o Centro de Inovação Vibra (CIV). Com investimento de R$ 5 milhões, e dois anos de elaboração, o CIV funciona junto à sede administrativa da empresa, em Montenegro (RS).

A estratégia é renovar o portfólio de produtos das marcas Nat, Avia e Agrogen (que pertencem ao Grupo Vibra) em 25% até 2022. “A inovação vai desde produtos inovadores, como o Nat Verde, uma bandeja que não suja a mão do cliente”, diz Wallauer, referindo-se aos cortes de frango embalados em atmosfera controlada. Outros exemplos são temperos diferenciados e a criação de animais inteiramente com ração vegetal.

Centro de Inovação Vibra (CIV) 

Com o CIV, essas inovações devem ter tempo de pesquisa, testes e finalização reduzido em 30%, segundo a empresa. O custo final dos produtos, contudo, é um pouco superior.

“Mas temos público para isso. Há pessoas que evitam ficar tocando a carne. Com essas embalagens, que inclusive não tem cheiro, e pontos de vendas adequados, conseguimos ter mais tempo de validade, ou seja, mais tempo para vender, gerando menos resíduos ambientais”, argumenta o gerente nacional de Vendas, Thiago Püttem.

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Apesar do ganho de mercado com as ações recentes, o diretor Luis Müller afirma que o objetivo não é ser a maior empresa do setor: “Sempre buscamos alternativas de crescimento, mas não temos a pressão de crescer a qualquer custo. Não somos jogadores, queremos o melhor desempenho econômico e financeiro”. Ele destaca que as unidades foram compradas ‘aos poucos’, aproveitando as oportunidades do mercado. “Sempre brinco que compramos abatedouros e transformamos em frigoríficos”, conclui.

* O jornalista viajou a convite da empresa.