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Carne moída aguardando para ser empacotada em processadora de carne da Califórnia (EUA). A Tyson Foods estuda aumentar a participação de robôs em suas linhas de produção
Carne moída aguardando para ser empacotada em processadora de carne da Califórnia (EUA). A Tyson Foods estuda aumentar a participação de robôs em suas linhas de produção| Foto: Alex Gallardo/REUTERS

Quando se visita uma fábrica processadora de carne, geralmente os funcionários estão concluindo tarefas como empilhar paletes ou embalar coxinhas de frango. Mas para a Tyson Foods, gigante norte-americana do setor, os robôs podem fazer isso também.

A empresa está apostando que a automação e a robótica podem aliviar a escassez de trabalhadores que há muito tempo prejudica a indústria. A empresa construiu um centro de fabricação de automação, com quase 9 mil metros quadrados e que custou milhões de dólares, perto da sua sede em Springdale, Arkansas. Na instalação, os engenheiros vão aplicar os mais recentes avanços em machine learning (aprendizagem automática) nas etapas de processamento de carne. O objetivo é eliminar eventualmente trabalhos que possam ser fisicamente exigentes, altamente repetitivos e, às vezes, perigosos.

Conforme a demanda global por carne aumenta, a indústria tem dificuldades em atrair trabalhadores para acompanhar o crescimento da demanda. Alguns representantes do setor apontam para a dura posição de Donald Trump com relação às políticas de imigração, que estariam piorando a escassez de mão de obra nos EUA. Indústrias como a Pilgrim's Pride e a Cargill elevaram os salários em alguns casos, além de outros benefícios, como incentivos para moradia, saúde e transporte.

"Não vamos terceirizar [as tarefas], vamos produzir aqui neste país. Então, a automação é uma estratégia fundamental daqui para frente", afirmou Marty Linn, diretor do novo centro. Antes de chegar à Tyson o executivo passou 30 anos na General Motors.

Avanços tecnológicos estão possibilitando processos de automação mais modernos. Por exemplo: a “visão” de máquina agora é mais precisa e rápida o suficiente para ser aplicada ao processamento de carne, que é altamente trabalhoso em comparação com a fabricação de outros alimentos. Além disso, muitos processos de lavagem e desinfecção ocorrem em uma planta de empacotamento de carnes, o que é tradicionalmente difícil de se fazer com robôs. No entanto, as máquinas agora são construídas para suportar esses processos.

Nas novas instalações da Tyson, é possível ver uma série de laboratórios com diferentes tipos de robôs. Em um deles, braços mecânicos dentro de um aquário de vidro usam câmeras inteligentes para classificar objetos coloridos ou empilhar itens. Em outra sala, uma máquina maior, chamada de paletizador,a executa tarefas de empilhamento. Há também espaço para treinamentos. 

Muitos dos variados robôs que uma empresa de processamento de carne precisa não estão no mercado hoje, por isso é preciso inovar e, com a colaboração de parceiros, criá-los, segundo Doug Foreman, diretor de Engenharia da Tyson. Mas a tecnologia está pronta.

A capacidade de processamento das câmeras são "tão avançadas, mesmo em comparação com poucos alguns anos atrás", afirma Foreman. "A velocidade de processando e aprendizagem da máquina está disponível para nós”, completa.

A falta de mão de obra é um dos maiores impedimentos ao crescimento da indústria da carne, conforme explica Will Sawyer, economista do CoBank ACB. "Se houvesse mão de obra disponível suficiente, veríamos mais proteína no mercado, especialmente no lado da carne suína e de aves", afirma. 

Enquanto a oferta de mão de obra nos EUA como um todo está em níveis historicamente baixos, o problema é mais agudo na produção de carne. A indústria tem lutado com uma reputação de condições de trabalho difíceis desde os dias de Upton Sinclair, o autor americano que escreveu sobre os abusos em seu romance de 1906, "The Jungle" (“A Selva”).

Recentemente, ocorreu um acidente fatal envolvendo paletes na fábrica da Tyson em Amarillo, Texas. A indústria, muitas vezes, depende de trabalhadores imigrantes para preencher empregos que os americanos de classe média evitam.

A Tyson, por sua vez, tem investido para melhorar as condições de trabalho, inclusive com a adoção de equipamentos mais ergonômicos. Mais automação, portanto, também poderia significar melhores condições para os funcionários.

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