O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse acreditar que o Carrefour voltará atrás na decisão de parar de comercializar carne do Mercosul. O chefe da equipe econômica afirmou que o boicote anunciado pelo CEO global da empresa, Alexandre Bompard, “não faz muito sentido” e classificou a reação dos frigoríficos brasileiros como “justificável”.
“Não vou ficar comentando atitude de empresa, mas enfim, houve uma reação justificável a esse tipo de declaração. Uma empresa que está instalada no Brasil não faz muito sentido [boicotar carne do Mercosul]. Mas eu não quero me estender sobre isso porque eu acredito que a empresa vai se reposicionar”, disse Haddad a jornalistas nesta segunda-feira (25).
No último dia 20, Bompard anunciou a restrição contra Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e questionou o padrão de qualidade do produto. A decisão ocorreu em meio à onda de protestos de agricultores franceses contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Um dia depois, frigoríficos brasileiros interromperam o fornecimento de carne bovina ao Carrefour no Brasil. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que a ordem do CEO da empresa é um “absurdo”.
"Isso é um absurdo. Se ele não quer comprar os produtos brasileiros, é simples, não compra. Se não quer comprar, diz que não quer. Agora, dizer que não tem qualidade sanitária? Faz 40 anos que a França compra carne do Brasil. E faz isso agora? Isso nós não vamos admitir, porque o que nós temos de mais precioso é a qualidade sanitária da nossa carne. É isso que nos abriu tantos mercados no mundo", disse Fávaro à Folha de S. Paulo, nesta segunda (25).
Embaixada do Brasil na França critica declarações de CEO do Carrefour
Mais cedo, a Embaixada do Brasil na França disse, em nota, que as declarações de Bompard sobre a qualidade da carne brasileira são “infundadas” e “falsas”.
A representação diplomática reforçou que o Brasil “se orgulha de ser, há décadas, um fornecedor de proteína animal para o mercado europeu, mas também de sua capacidade de atender plenamente às exigências europeias e aos controles sanitários mais rigorosos do mundo”.
“O Brasil respeita, democraticamente, a oposição de qualquer setor ao acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. Tal posição, no entanto, não pode justificar uma campanha pública baseada na disseminação generalizada de desinformação sobre os produtores brasileiros", diz um trecho do comunicado.
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