Entre as ações divulgadas pela empresa está o apoio a selos de sustentabilidade globais para os seus produtos. As embalagens, por exemplo, possuem o selo FSC para madeira de origem certificada.| Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP

A sustentabilidade é um caminho sem volta e quem não estiver seguindo nessa direção não sobreviverá. Essa opinião é compartilhada por diversas empresas globais do setor de alimentos que estão reunidas em São Paulo para discutir formas de contribuir para o avanço da sustentabilidade na cadeia produtiva da carne bovina. O Latin American Sustainable Beef Vision Summit, que ocorre de 10 a 12 de julho na Hamburger University, é promovido pela Global Roundtable for Sustainable Beef (GRSB).

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Dentre as marcas que participam do evento está o McDonald’s, cuja rede de lanchonetes está presente em 120 países – 20 deles somente na América Latina. A empresa anunciou que pretende adotar o desmatamento zero em sua cadeia de fornecedores para a linha de sanduíches no Brasil até o final de 2020. Inicialmente, a empresa havia informado que adotaria a rastreabilidade dos produtos nesse prazo, no entanto, isso deve ocorrer nos próximos anos, sem prazo definido, pois trata-se de um processo que envolve diversos elos da cadeia produtiva.

De acordo com o diretor corporativo de Desenvolvimento Sustentável da Arcos Dourados (maior franquia independente do McDonald’s do mundo), Leonardo Lima, a ideia é garantir que a carne do hambúrguer, o trigo do pão e o café que é servido nas lojas não provenham de áreas de desmatamento ou que empregam trabalho indigno.

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“Temos esse compromisso, que é global, e o Brasil é um dos principais países onde esse tema é crítico e muito debatido. Já temos ações nesse sentido no Brasil e na AL sob o guarda-chuva global da plataforma ‘Scale for Good’. No nosso nível de compras, por exemplo, mensuramos que 70% dos gases de efeito estufa na cadeia dos nossos produtos vêm dos fornecedores, que precisam responder questionários sobre desflorestamento, gasto de água e outras questões. Temos ainda programas de auditoria das compras e os produtos que usamos são exclusivos, com especificação e sistemas de aprovação, tanto para questão de segurança alimentar quanto ao que tange ao meio ambiente e as práticas sociais”, explica.

Entre as ações divulgadas pela empresa está o apoio a selos de sustentabilidade globais para os seus produtos. As embalagens, por exemplo, possuem o certificado FSC para madeira legalizada. Já o café é certificado pelo Rain Forest Alliance, de agricultura sustentável. Outra ação é só fazer compras por períodos de médio e longo prazo de fornecedores certificados, onde se avalia desde a solidez econômica do fornecedor até o cumprimento por parte dele de diversos requisitos de sustentabilidade socioambiental.

Nesse sentido, segundo Lima, o maior desafio, no caso da cadeia da carne, é chegar até os pequenos produtores, cuja produção é mais esparsa. Grandes empresas, como JBS e Marfrig, fornecedoras do McDonald’s, têm mais facilidade em se adequar aos padrões exigidos pela rede de fast food. “A falta de consciência de muitos produtores é uma dificuldade que enfrentamos. Muitas vezes eles não estão nem sequer registrados no cadastro rural”, explica Lima. Além disso, os pequenos pecuaristas estão mais à margem no processo de obtenção de informação sobre boas práticas.

Do bezerro à linha de produção

Atualmente, apenas uma parte de toda a carne que o McDonald’s compra é rastreada até o nível de produção. “A maior dificuldade é chegar à origem do bezerro. Entendemos que uma pecuária sustentável consegue produzir muito mais na mesma área”, afirma Lima. O executivo não revela porcentagens sobre a carne rastreada, mas diz que em 2016 o McDonald’s do Brasil comprou 250 toneladas de carne de origem certificada. Atualmente, compra cerca de mil toneladas.

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“Objetivo desse evento em São Paulo é chamar a atenção para a necessidade que a produção agropecuária vá por um caminho mais sustentável. Se não melhorarmos a cadeia produtiva o mundo correrá risco de aumentar o desmatamento e reduzir a biodiversidade”, afirma Lima. Ele diz ainda que o público também precisa ser alertado sobre essas questões. “Este nicho em que atuamos temos a responsabilidade de educar o consumidor de que isso é importante para ele”, finaliza Lima.