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Logística

Baixo calado limita exportação de soja em Santos

Somente em março, os embarques do complexo soja recuaram 20% ante o mesmo mês do ano passado, para 2,95 milhões de toneladas. | Paulo Whitaker / Reuters
Somente em março, os embarques do complexo soja recuaram 20% ante o mesmo mês do ano passado, para 2,95 milhões de toneladas. (Foto: Paulo Whitaker / Reuters)

O Brasil está enfrentando dificuldades para manter o canal do porto de Santos, o maior da América Latina, com a profundidade suficiente para grandes navios. Problemas na dragagem estão dificultando a movimentação de modernos navios de contêineres em alguns terminais e obrigando os navios de soja, um dos principais produtos de exportação do país, a saírem parcialmente carregados ou esperarem até a maré alta para zarpar.

O consórcio Dragagem Brasil obteve uma concessão para dragar Santos, que expirou no ano passado. O grupo não conseguiu cumprir uma obrigação contratual de manter a profundidade do canal de 15 metros. Em janeiro o porto de Santos teve que reduzir o calado para 12,3 metros, ante um limite anterior de 13,2 metros. Na seção 4, o calado é de 11,2 metros.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) contratou a Brasil DTA Engenharia em abril para dragagem de emergência e foi capaz de aprofundar o calado na maioria das áreas para 12,7 metros.

Canais rasos e docas desatualizadas têm limitado o uso de uma nova geração de navios de maior porte, mais eficientes, fazendo com que os elevados custos de transporte limitem o crescimento econômico. "Os navios maiores não são capazes de entrar (no porto), ou pelo menos de utilizar sua capacidade total", comenta Paulo Barbosa, diretor de praticagem, que tem orientado os navios em Santos há 20 anos.

Para os exportadores de soja e milho, o problema é mais grave quando os navios atracam, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa gigantes do agronegócio, como Cargill e Bunge.

O economista da Abiove Daniel Furlan Amaral estimou que o problema resulta em uma redução de 15% da produtividade no porto de Santos e disse que essa é uma queixa frequente dos membros da entidade. "Navios totalmente carregados só são capazes de sair quando a maré está alta [...] Neste processo de ter um navio carregado e esperar pela maré alta tem duas perdas: o 'shiploader' que fica ocioso e, enquanto um navio não carrega, não entra outro", relata.

Para atenuar o problema e agilizar as operações, em muitos casos a solução tem sido permitir que navios deixem o porto sem estarem completamente carregados, indica Amaral. Alguns navios foram obrigados a ancorar ao largo de Santos, principal porto exportador de soja do Brasil, por até dois meses antes de serem autorizados a atracar.

Histórico

O governo prometeu melhorar a dragagem do porto cerca de uma década atrás, e lançou um programa de dragagem nacional em 2007, mas a situação pouco avançou. Uma licitação para obras de dragagem em Santos foi feita em abril, mas o governo não aceitou nenhuma das propostas. Outra estava marcada para 6 de junho, mas foi adiada para 27 de junho.

Os operadores portuários privados EcoPorto e BTP Brasil, uma joint venture entre o Terminal Investment Limited e APM Terminals, têm sido forçados a cobrir a falha do governo. Segundo um assessor da BTP, eles gastaram R$ 6 milhões em dragagem. Ambos estão localizados no trecho 4 do porto de Santos, a parte mais rasa do porto.

Dragas dos EUA podem entrar em ação. O secretário dos Transportes norte-americano Anthony Foxx revelou que as autoridades brasileiras querem ajuda dos EUA e de outras empresas estrangeiras para investir US$ 1,5 bilhão em melhorias portuárias.

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