O ministro dos Transportes prometeu dar um fim ao lamaçal que, todos os anos, toma conta de trechos da BR-163, no Pará.| Foto: Divulgação/

Dentro da porteira, o Brasil é referência mundial no uso de tecnologia e alta performance das lavouras, o que deve levar o país à marca histórica de 217 milhões de toneladas de grãos na safra 2016/17. Fora da porteira, no entanto, a realidade é diferente, com uma série de deficiências logísticas e uma paisagem de atraso na comparação com os principais concorrentes internacionais. É o que admite um estudo do próprio Ministério dos Transportes.

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De acordo com o documento, a atual malha viária brasileira é deficitária e prejudica o escoamento de grãos (milho e soja) por não apresentar opções suficientes de transporte. O levantamento focou no percurso dessas commodities desde as regiões produtoras até os destinos finais, tanto em portos, para exportação, quanto para centros consumidores internos.

A pesquisa confirma que, como corredores de exportação, as rodovias aparecem de forma predominante, ao passo que o escoamento voltado ao mercado interno usa exclusivamente o sistema rodoviário. Tal cenário aumenta o custo com logística e diminui a competitividade dos produtos nacionais, menciona o estudo.

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Os custos totais com logística de transporte (incluindo todos os modais) representam, em média, 10,6% a 15,4% do valor do Produto Interno Bruto (PIB), aponta o levantamento. Este porcentual é elevado quando comparado à realidade de outros países, como os Estados Unidos (8,50% ) ou à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 9%.

No caso específico da exportação, o levantamento demonstra que os chamados Corredores Logísticos Estratégicos - os principais utilizados para o escoamento de grãos - são subutilizados, na proporção de apenas um quarto para cada modal. “Assim, caso o governo pretenda dar prioridade ao escoamento do complexo soja e do milho, necessitará realizar investimentos em aproximadamente 25% da malha federal disponível”, conclui o estudo.

O levantamento também apontou deficiências específicas para cada modal. Nas rodovias, destaque para trechos não pavimentados, problemas de capacidade de vias, ausência de sinalização e acostamento, e quilometragem restrita de rodovias duplicadas. Sobre a BR-163, principal via de escoamento do país, os Transportes indicaram, principalmente, a falta de pavimentação e a descontinuidade de serviços de melhorias.

O ministro dos Transportes, Maurício Quintella, prometeu dar um fim ao lamaçal que, todos os anos, toma conta de trechos da BR-163, no Pará, formando filas de milhares de caminhões de carga à espera de uma solução para o escoamento da safra. Quintella disse que todas as obras de pavimentação do Pará contam com orçamento de R$ 644 milhões para este ano e que o caos logístico que ocorre em todo início de ano na região não se repetirá em 2018.

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Em relação às ferrovias, o estudo aponta problemas na segurança e na capacidade da malha, assim como a necessidade de implementação de sistemas de sinalização e controle de trens. No âmbito das hidrovias, a profundidade insuficiente dos rios, que impedem a navegação de embarcações maiores, é uma das adversidades citadas. Já para os portos, o estudo recomenda melhorias na dragagem de aprofundamento e manutenção em canais de acesso, baías de evolução e berços. A insuficiência da capacidade e das condições dos acessos rodoviários e ferroviários próximos aos portos também é citada.