Nem todos os navios que cercam os portos brasileiros têm carregamento agendado, mas as filas crescem e passam de 100 embarcações ao largo do Porto de Paranaguá na época da colheita de verão, no primeiro semestre. A disponibilidade de grãos para exportação atrai os graneleiros, que, mesmo estacionados, ampliam a pressão sobre a estrutura de embarque. Um sistema que organiza a chegada dos navios – semelhante ao que agenda a chegada de caminhões e evita filas na BR-277 – vem sendo defendido pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). Deverão ser monitoradas embarcações que se aproximam também dos demais portos graneleiros, como os de Santos (SP), São Francisco (SP) e Rio Grande (RS).
A proposta é aparentemente simples mas já gastou um ano em discussões, contou o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino. Pode oferecer, nos próximos meses, orientação inclusive aos navios que se aproximam da costa sem carga agendada. A alternativa foi um dos assuntos da primeira etapa do Ciclo de Palestras Informação e Análise do Agronegócio, realizada em Ponta Grossa na última sexta-feira pela Gazeta do Povo. Mais quatro palestras vão ocorrer até dezembro, em Cascavel (18/11), Londrina (2/12), Maringá (2/12), Curitiba (12/12).
O crescimento da produção sobrecarregou os portos do estado e modificou completamente o ritmo dos embarques de grãos, avaliou Dividino. O auge do escoamento, que ocorria entre março e setembro, agora vai de fevereiro a dezembro, com pico no segundo semestre, devido ao represamento da soja e à exportação do milho de inverno, relatou.
A organização das filas de caminhões e navios é necessária, mas não suficiente. “Temos que expandir o sistema. Não dá para dar apenas uma melhorada no Porto, são necessários investimentos estruturais”, apontou. Em sua avaliação, o governo federal está dando prioridade para os portos do Arco Norte do pais, como Santarém e Itacoatiara. Paranaguá está movimentando perto de 45 milhões de toneladas e pode ter movimento dobrado até 2030.
Soja em contêiner
O uso de contêineres promete aliviar a pressão na exportação de soja. O Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) encheu cerca de 5 mil compartimentos no último ano (até 2 mil em meses de pico) e deve dobrar essa pratica em 2013/14, disse o diretor-superintendente do TCP, Juarez Moraes e Silva, que também participou das discussões em Ponta Grossa.
O carregamento dos contêineres, que ocorria apenas em Cambé, passará a ser feito também em Ponta Grossa, Londrina e Cascavel, relatou. “Muitos atravessariam o Atlântico vazios. O transporte de grãos se torna viável porque o preço é estipulado conforme o que o setor de exportação pode pagar.” O volume dos embarques previstos para esta temporada equivale a quatro navios graneleiros.
A produção continuará crescendo e tende a chegar a 40 milhões de toneladas de grãos por ano no Paraná, apontou o coordenador do Agronegócio Gazeta do Povo, Giovani Ferreira. As discussões do Ciclo de Palestras tentam ajudar no planejamento da produção e da infraestrutura de escoamento, acrescentou.
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