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Fluxo de milho nas esteiras dos portos será muito mais intenso do que no fim de 2014, aponta line up dos portos brasileiros. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Fluxo de milho nas esteiras dos portos será muito mais intenso do que no fim de 2014, aponta line up dos portos brasileiros.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O movimento de navios previstos para carregar grãos nos portos do Brasil em novembro deverá ser quase três vezes maior que no mesmo período em 2014, com destaque para as exportações de milho e a desvalorização do real, que melhora a competitividade de produtos brasileiros no mercado internacional.

Atualmente, há 114 navios previstos para partir de terminais brasileiros no próximo mês carregando 6,63 milhões de toneladas de soja e milho, segundo dados desta quarta-feira da agência marítima Williams. No fim de outubro de 2014, a escala de navios para o mês seguinte previa 42 navios, com 2,27 milhões de toneladas de grãos.

A estatística inclui os navios com datas de partida confirmadas para novembro e os com datas a confirmar, cuja tendência é de embarque também em novembro. “A gente espera que os embarques estejam elevados em novembro... O real perdeu muito valor nesse segundo semestre, o que aumentou muito a competitividade do Brasil”, disse a analista de mercado Ana Luiza Lodi, da INTL FCStone.

Tradicionalmente, os terminais graneleiros do Brasil são ocupados majoritariamente por milho nos últimos meses do ano, após a colheita da segunda safra de milho do Centro-Oeste e do Paraná. A tendência se repetirá no próximo mês, com carregamentos previstos de 5,3 milhões de toneladas do cereal, 148% acima do previsto um ano atrás para novembro de 2014.

As exportações de novembro acompanham o forte ritmo de outubro. Dados parciais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que registra os documentos de exportação e não a saída efetiva dos navios, apontaram embarques de pouco mais de 4 milhões de toneladas nas quatro primeiras semanas de outubro.

O volume parcial deste mês supera os maiores volumes já embarcados pelo Brasil, que foram em outubro e novembro de 2013, com cerca de 3,9 milhões de toneladas.

A escala de navios já apresenta inclusive dois navios com saída prevista para o início de dezembro, que não constavam na semana passada. Um ano atrás, a previsão mais distante de partida de um navio de milho era para 22 de novembro.

A consultoria Informa Economics FNP estima que as exportações de milho do Brasil deverão continuar aquecidas até o início do ano que vem. “Alguns traders comentam até que existe a possibilidade desse fluxo de milho afetar o início dos embarques de soja [da nova safra], em fevereiro e março”, disse o analista Aedson Pereira, da FNP.

O Brasil tem exportado até para destinos atípicos, como os Estados Unidos, os maiores exportadores globais de milho. Isso, aliás, tem colocado pressão sobre os contratos futuros do cereal na bolsa de Chicago, uma vez que operadores estão sentindo uma demanda fraca pelo produto norte-americano no meio da colheita de uma grande safra. Grãos a céu aberto na reta final de uma safra volumosa dão a dimensão do problema nos Estados Unidos, conforme verifica a Expedição Safra, que percorre o país nesta semana.

Soja

As exportações de soja --que ocuparam apenas 4 navios na previsão para novembro de 2014-- também terão um salto significativo no próximo mês, mostrou a análise da escala portuária. A projeção é de que o Brasil embarque 1,3 milhão de toneladas em novembro, salto de 958% ante o volume previsto para o mesmo mês no ano passado.

No início de outubro, a Abiove, associação que representa as grandes indústrias e tradings de soja do Brasil, elevou sua estimativa para a exportação do país em 2015 para um recorde de 52,4 milhões de toneladas, alta de 15% ante 2014. “A capacidade do Brasil de mandar 53 milhões de toneladas em 2015 é muito provável”, disse Pereira, da FNP.

Ana Luiza, da FCStone ressaltou que a desvalorização da moeda brasileira permite um preço mais baixo em dólar nos portos brasileiros e ainda assim mantém ou eleva ganhos para os produtores, em real. Ela lembrou ainda que o frete rodoviário, um custo importante para a formação de preços dos grãos, principalmente do milho, ficou relativamente mais baixo em dólares, contribuindo para a competitividade do produto brasileiro.

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