Com metade da safra de milho já colhida, Mato Grosso teme que o déficit de armazenagem impacte negativamente a produção do cereal no estado. Com falta de espaço nos silos, o produto colhido começa a ser estocado a céu aberto, o que aumenta os riscos de perda de qualidade em caso de chuvas. O alerta parte da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), que prevê agravamento da situação nos próximos dias, conforme nota divulgada nesta quarta-feira (22).No Paraná, espigas se deterioram na roça.A Aprosoja aponta que praças como "Sorriso e Nova Mutum, na região Norte, o milho já está a céu aberto." Onde ainda não há sobrecarga a entidade reclama que os caminhões dos produtores estão demorando mais que o habitual para descarregar milho nos armazéns das tradings, atrapalhando o fluxo de trabalho de colheita. "Os grãos sem armazéns ainda são situações pontuais, de produtores que estão prestes a vender o milho e não quiseram gastar com silos-bag [bolsa]. Mas isso demonstra como o sistema de armazenagem é frágil", indica o coordenador da Aprosoja em Sorriso, Rodrigo Pozzobon.
A região Centro-Oeste do país é a que mais produz soja e milho, mas é carente de estrutura de armazenagem, além de contar com poucas opções de rotas de escoamento da produção. Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado de Mato Grosso possui 1,7 mil armazéns graneleiros, com capacidade para estocar 30 milhões de toneladas. No contraponto, a oferta total de soja e milho no estado passa de 47 milhões de toneladas, indica a estatal.
Até a semana passada a colheita em Mato Grosso já havia sido feita em 47,5% dos 3,2 milhões de hectares de milho, conforme dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
No âmbito nacional, o Brasil colheu uma safra recorde de soja em 2014/15, e até o fim de junho as vendas estavam atrasadas no país, incluindo o Centro-Oeste, na comparação com o mesmo estágio da temporada anterior. Mesmo assim, a Aprosoja atribui o problema de falta de armazéns para o milho a gargalos logísticos e repercussões da greve de caminhoneiros registrada em março.
"A greve dos caminhoneiros... atrapalhou os embarques de soja, e como, reflexo, atrapalharam também os de milho, sendo que ainda há soja estocada aqui em Sorriso. Além disso, apesar de termos aumentado a produtividade das lavouras, o crescimento da capacidade de armazenagem não acompanhou esse crescimento na mesma proporção", explicou Pozzobon.
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