Com receita de R$ 35 bilhões em suas operações no Brasil, e lucro de mais de meio bilhão de reais em 2017, a multinacional Cargill irá fazer mais aportes em barcaças neste ano, numa aposta clara nas hidrovias como opção aos caminhões.
“O País teve uma safra agrícola excepcional em 2017, com o agronegócio respondendo por quase 25% do PIB nacional. Mas o problema é o escoamento dessa produção. Os cerca de 90 quilômetros sem asfalto da BR 163 trazem um problema para as tradings que escoam pelo Arco Norte do País”, diz Luiz Pretti, presidente da empresa no Brasil. Esse custo “da porteira para fora”, segundo ele, explica o recuo de 16% do lucro líquido da empresa em relação a 2016.
Em 2017, a região do Arco Norte já havia se destacado nos investimentos da Cargill, que adquiriu 20 barcaças e três empurradores para navegar pelo rio Tapajós, evitando assim os gargalos e atoleiros da BR-163 . O trecho entre Cuiabá, no Mato Grosso, e os portos de Santarém e Miritituba, no Pará, não tem asfalto nem acostamento e é conhecido como ‘rodovia da lama’.
Em paralelo à compra de barcaças, a multinacional aumentou de 2 para 5 milhões de toneladas a capacidade anual do terminal de exportação de grãos em Santarém. A empresa projeta que a região será um dos maiores corredores de exportação de grãos do país nos próximos anos.
Apesar das incertezas em relação à corrida eleitoral deste ano, a Cargill planeja investir cerca de R$ 400 milhões, sobretudo em logística e na expansão da fábrica de amido em Uberlândia (MG). “O Brasil é o mercado que recebe mais aportes da Cargill fora dos Estados Unidos e continua estratégico para o grupo, independentemente do cenário político”, diz Pretti.
Portos e ferrovias
A gigante global de commodities agrícolas vê espaço para expansão em infraestrutura portuária e ferroviária. Em ferrovia, por exemplo, a multinacional aguarda as definições de investidores para o projeto da Ferrogrão, que já teve audiência pública e está sendo conduzido pelo consórcio da EDLP - projeto que pode receber mais de R$ 12 bilhões em aportes. A Cargill tem 22 fábricas, sobretudo para esmagamento de grãos, e atua em seis portos do País. Neste ano, cerca de R$ 100 milhões deverão ser colocados no Terminal Exportador de Santos (TES), do qual possui 40% em uma parceria com a concorrente Dreyfus.
Os investimentos como um todo do grupo, no ano passado, ficaram em R$ 793 milhões, valor maior que o previsto inicialmente. “Nos últimos sete anos, a Cargill colocou US$ 1,5 bilhão no País. Quando se fala em Brasil, tem de pensar no longo prazo.”
Segundo Pretti, os acionistas da companhia tentam entender este momento de incertezas . “Nós acreditamos nas instituições do País. Não há preocupação, a não ser que mudem as regras do jogo. Sob o ponto de vista macroeconômico, o mercado externo está sendo muito generoso com o Brasil.”
Açúcar e etanol
Com a decisão de adquirir 100% do controle da Cevasa, unidade sucroalcooleira que tinha em sociedade com a Canagril, que reúne fornecedores de cana, a múlti vai manter essa divisão negócios por pelo menos dois anos. Ao lado de concorrentes globais, como ADM, Bunge e Dreyfus, a Cargill também entrou na produção de açúcar e etanol, mas não foi tão bem-sucedida. A grande aposta da companhia é na parceria com o grupo SJC para a produção de etanol a partir do milho.
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